São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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Candidatos no Peru se unem contra os líderes populistas

Esquerdista Ollanta Humala consolida ponta em pleito de domingo; filha de Fujimori deve ir ao segundo turno

Campanha, encerrada ontem, foi marcada por baixarias; primeiro nas pesquisas diz ter Lula como maior referência

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

O presidenciável peruano Alejandro Toledo convocou os outros candidatos de centro-direita a se unirem "para defender a democracia, que se encontra ameaçada" pela possibilidade de um segundo turno na eleição entre os candidatos Ollanta Humala, de esquerda, e Keiko Fujimori, populista de direita.
Humala se consolidou na liderança das pesquisas para a eleição presidencial deste domingo. Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos em uma prisão peruana, despontou como segunda colocada, superando Toledo, e deve enfrentar Humala em um provável segundo turno, em junho.
Os votos de oposição a Humala e Keiko estão divididos entre os três candidatos que defendem o atual modelo econômico do Peru, que vem garantindo taxas de crescimento de 7%, mas não foi tão bem-sucedido no combate à desigualdade.
Em baixa nas pesquisas, o ex-presidente Toledo convocou os outros dois candidatos, Pedro Pablo Kuczynski e o ex-prefeito de Lima Luis Castañeda, a unirem-se contra Humala e Keiko, que classifica como autoritários.
"Não deixe o lobo disfarçado de carneiro te enganar. Precisamos de uma estratégia para evitar que a democracia seja destruída", disse.
O Prêmio Nobel peruano Mario Vargas Llosa declarou ontem seu apoio a Toledo e afirmou que um segundo turno entre Keiko e Humala "seria verdadeiramente uma catástrofe para o Peru".
O presidente Alan García engrossou o coro, instando a população a "defender o sistema democrático de qualquer risco que o ameace".
Trata-se de mais um lance numa disputada campanha, marcada pela baixaria. Toledo, que chegou a liderar e hoje está em terceiro, é acusado por opositores de ser usuário de cocaína e alcoólatra e foi instado pelos outros candidatos a refazer exames para provar que não usa drogas.
A mulher dele, a belgo-americana Eliane Karp, tem ascendência judaica e é criticada por usar seguranças supostamente treinados pelo Mossad. Solteiro e sem filhos, Castañeda foi alvo de uma campanha de insinuações sobre sua orientação sexual.
Segundo pesquisa Ipsos Apoyo divulgada ontem, Humala lidera com cerca de 28% dos votos, seguido de Keiko, com 21%, Toledo e Kuczynski, empatados com 18%.
Humala é visto como frágil em um segundo turno porque ajudaria a unir o segmento mais conservador do eleitorado para derrotá-lo, como ocorreu em 2006, quando perdeu para García. Por isso, adotou uma tática "paz e amor" de migração para o centro, assessorado pelos petistas Luis Favre e Valdemir Garreta.
"Ollanta mudou muito desde 2006, tem propostas menos radicais", disse à Folha Salomon Lerner, coordenador da campanha de Humala.
Afirmando que o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva é uma das inspirações de Humala, Lerner diz que o peruano "não tem contato com o presidente Hugo Chávez há uns quatro anos".


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