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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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Contrato de ex-empresa de Cheney sofre crítica

DA ASSOCIATED PRESS

Um contrato emergencial que o governo de George W. Bush concedeu à empresa Halliburton, que foi presidida pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, de 1995 a 2000, para apagar incêndios em poços de petróleo iraquianos também conferiu à empresa uma participação mais lucrativa no reparo do sistema petrolífero do Iraque, segundo indicam documentos divulgados ontem.
O deputado democrata Henry Waxman, da Califórnia, afirmou que o governo está ocultando a dimensão do papel concedido à Halliburton. Waxman é um forte crítico da empresa.
Uma porta-voz da Halliburton, cuja sede é em Houston (Texas), disse que o anúncio inicial do contrato, feito pela empresa em 24 de março último, já revelava a dimensão do papel oferecido a uma de suas subsidiárias, a KBR.
Em carta enviada a Waxman na última sexta-feira, o Corpo de Engenheiros do Exército revelou que o contrato, concedido sem licitação prévia, abrange não apenas a extinção de incêndios mas também "a operação de instalações e a distribuição de produtos".
Waxman, que representa o Partido Democrata no Comitê da Câmara para a Reforma Governamental, escreveu ontem ao general Robert B. Flowers, do Corpo de Engenheiros do Exército, dizendo que o contrato "tem um alcance consideravelmente superior ao que se sabia até agora".
Ele também disse que a proposta formulada pela organização para substituir o contrato da Halliburton por outro acordo de longo prazo vai de encontro a declarações da administração americana -segundo as quais o petróleo iraquiano pertence à população do Iraque.
A KBR recebeu o direito de apagar incêndios nos poços de petróleo iraquianos pelos termos de um contrato já existente -que diz respeito a situações de emergência. O gabinete de Cheney já afirmou, várias vezes, que ele não teve nenhuma participação na concessão do contrato.
Wendy Hall, representante da Halliburton, concentrou sua argumentação no anúncio feito pela empresa em março. Segundo ela, o anúncio já revelava a extensão do trabalho a ser feito.
O informe distribuído pela Halliburton diz: "A tarefa inicial da KBR envolve fazer a avaliação operacional e de perigos, apagar incêndios em poços de petróleo, fechar vazamentos de poços de petróleo e cuidar de qualquer derrame de petróleo. Cumprida a tarefa inicial, a KBR se encarregará de reparos de emergência, conforme as orientações que receber, para garantir a continuidade das operações da infra-estrutura petrolífera iraquiana".
Segundo a porta-voz, a KBR está ajudando o Ministério do Petróleo iraquiano a pôr em funcionamento seu sistema petrolífero.
Mas Waxman retrucou: "Só agora, mais de cinco semanas após o acordo ter sido revelado, deputados e o público estão descobrindo que, pelos termos do contrato, a Halliburton talvez seja convocada para bombear e distribuir o petróleo iraquiano".
Além disso, ele repetiu a afirmação de que o contrato pode valer até US$7 bilhões por dois anos, mas o Corpo de Engenheiros do Exército disse que esse montante é um teto baseado no pior cenário possível em termos de incêndios em poços petrolíferos.
Na realidade, poucos poços foram incendiados durante a guerra. Os militares disseram que, até o final de abril, a empresa recebeu US$50,3 milhões.
No mês passado, a empresa Bechtel, uma das gigantes do setor de engenharia e de construção, foi a vencedora de uma polêmica licitação para um projeto de recuperação da infra-estrutura do Iraque. O contrato prevê o pagamento de US$ 680 milhões à empresa nos próximos 18 meses.
George Shultz, que foi secretário de Estado dos EUA de 1982 a 1989 (quando o presidente era o republicano Ronald Reagan), é membro do conselho de diretores do Grupo Bechtel.


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