São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Últimos nomes serão submetidos a Parlamento; onda de ataques continua e atentado mata mais 22

Iraque faz acordo para completar gabinete

DA REDAÇÃO

Líderes iraquianos anunciaram ontem que chegaram a um acordo para preencher os últimos postos de primeiro escalão do governo, colocando fim a meses de impasse. O cargo de ministro da Defesa caberá a um árabe sunita, o qual terá a missão de combater a insurgência, que intensificou suas ações nas últimas semanas.
Ontem, terroristas voltaram a atacar no centro de Bagdá, detonando um ou dois carros-bombas num cruzamento no instante em que passava um comboio de quatro veículos civis com estrangeiros. Ao menos 22 morreram, incluindo dois norte-americanos.
Desde que os partidos vencedores da eleição anunciaram o novo gabinete, há duas semanas, insurgentes ampliaram seus ataques, matando mais de 300 pessoas. A intensificação dos atentados é um desafio à previsão do governo segundo a qual a resistência estava se enfraquecendo.
Muitos iraquianos afirmam que a demora para formar o governo após a histórica eleição de 30 de janeiro permitiu que os insurgentes se reagrupassem. Mesmo depois de o gabinete ter tomado posse, na última terça-feira -mais de três meses depois do pleito-, vários postos-chave permaneciam vagos.
Pessoas ligadas aos dois principais blocos no Parlamento, a Aliança Iraquiana Unida (xiita) e a coalizão curda, disseram que se chegou a um acordo para preencher os postos remanescentes, incluindo os titulares dos ministérios da Defesa e do Petróleo.
O novo chefe da Defesa deverá ser o árabe sunita Saadoun al Dulaimi. A pasta do Petróleo caberá ao xiita Ibrahim Bahr al Uloum.
O primeiro-ministro, Ibrahim Jaafari, confirmou o acordo para preencher os últimos cinco cargos de primeiro escalão e disse que os nomes serão apresentados hoje ao Parlamento para aprovação.
A minoria árabe sunita, que dominou a cena política durante a ditadura de Saddam Hussein, ficou extremamente sub-representada após as eleições de janeiro. A maioria dos eleitores sunitas não compareceu às urnas, atendendo a apelos para boicotar o pleito ou temendo tornar-se alvo de ataques. O Parlamento de 275 cadeiras conta com apenas 17 legisladores sunitas (6%). Demograficamente, os sunitas representam 20% da população iraquiana.
Líderes xiitas e curdos concordaram em oferecer cargos importantes para os sunitas numa tentativa de atenuar tensões étnicas.
O atentado de ontem levou o caos ao centro de Bagdá. Além dos 22 mortos, houve pelo menos 35 feridos. Testemunhas dizem que havia crianças entre os feridos. A rua foi tomada por cacos de vidro e destroços dos carros.
A bomba visava atingir um dos comboios normalmente usados por civis estrangeiros para deslocar-se em Bagdá. São em geral vistosos utilitários esportivos protegidos por outros veículos no qual vão guardas armados.
Militares norte-americanos disseram que o comboio atingido era operado por uma companhia dos Estados Unidos, mas não divulgaram o seu nome.
Anteontem, a explosão de um carro-bomba numa feira em Suwayra, ao sul de Bagdá, matou 31 pessoas. Também na sexta, um homem-bomba explodiu seu carro ao lado de um miniônibus da polícia em Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, matando pelo menos nove policiais.
Na quinta, explosões em Bagdá mataram 24. Na quarta, um ataque suicida na cidade curda de Arbil (norte), matara 60.


Com agências internacionais

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