São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2001

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Juiz virou algoz de ex-presidente

DA REDAÇÃO

O juiz federal Jorge Urso, descrito por seus colegas como "afável e divertido", parece ter se convertido no algoz do ex-presidente Carlos Menem, por quem já teve alguma simpatia política e cuja prisão domiciliar decretou ontem em Buenos Aires.
Aos 44 anos, casado e com quatro filhos, Urso foi nomeado juiz federal em 1993. Na ocasião, filiou-se ao Partido Justicialista (PJ, presidido por Menem). Embora o escândalo do contrabando de armas, que partiu de uma denúncia em 1995, tenha sido o caso mais importante de sua carreira, Urso já se destacara pela investigação de várias figuras do governo Menem.
Urso foi o primeiro juiz federal a declarar suspeito um ministro de Menem: o ex-titular da pasta da Defesa Oscar Camilión, a quem interrogou em 1996. Foi ele também que pediu a abertura de investigação de uma denúncia do empresário Alfredo Yabrán, que posteriormente se suicidou, contra o atual (e também à época) ministro da Economia, Domingo Cavallo. Urso também tem sob sua responsabilidade alguns dos processos contra a ex-secretária de Meio Ambiente de Menem, María Julia Alsogaray.
No entanto, nos últimos anos, o juiz negou ao menos oito pedidos da Justiça americana de quebra do sigilo bancário que permitiria reconstituir a "rota do dinheiro" do contrabando das armas.
Embora o processo esteja em curso desde 1995, ele ganhou agilidade em abril deste ano, com a determinação da Câmara Federal de Buenos Aires de que Urso aprofundasse as investigações. Fontes judiciais citadas pela imprensa argentina sustentam que Urso não tem bom relacionamento com a Câmara, tribunal ao qual responde. Segundo essas fontes, a instituição teria lhe chamado a atenção várias vezes pela suposta demora na apuração das suspeitas no caso das armas.
Urso ingressou nos tribunais aos 20 anos e foi diretor de Assuntos Jurídicos de Buenos Aires em 1992, no governo do peronista Carlos Grosso.
Em maio, quando foi alvo de uma denúncia de enriquecimento ilícito, Urso, que diz se considerar "um homem metódico", compareceu aos tribunais e expôs seu patrimônio ao escrutínio público.


Com agências internacionais


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