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Juiz virou algoz de ex-presidente
DA REDAÇÃO
O juiz federal Jorge Urso, descrito por seus colegas como "afável e divertido", parece ter se convertido no algoz do ex-presidente
Carlos Menem, por quem já teve
alguma simpatia política e cuja
prisão domiciliar decretou ontem
em Buenos Aires.
Aos 44 anos, casado e com quatro filhos, Urso foi nomeado juiz
federal em 1993. Na ocasião, filiou-se ao Partido Justicialista (PJ,
presidido por Menem). Embora o
escândalo do contrabando de armas, que partiu de uma denúncia
em 1995, tenha sido o caso mais
importante de sua carreira, Urso
já se destacara pela investigação
de várias figuras do governo Menem.
Urso foi o primeiro juiz federal a
declarar suspeito um ministro de
Menem: o ex-titular da pasta da
Defesa Oscar Camilión, a quem
interrogou em 1996. Foi ele também que pediu a abertura de investigação de uma denúncia do
empresário Alfredo Yabrán, que
posteriormente se suicidou, contra o atual (e também à época) ministro da Economia, Domingo
Cavallo. Urso também tem sob
sua responsabilidade alguns dos
processos contra a ex-secretária
de Meio Ambiente de Menem,
María Julia Alsogaray.
No entanto, nos últimos anos, o
juiz negou ao menos oito pedidos
da Justiça americana de quebra
do sigilo bancário que permitiria
reconstituir a "rota do dinheiro"
do contrabando das armas.
Embora o processo esteja em
curso desde 1995, ele ganhou agilidade em abril deste ano, com a
determinação da Câmara Federal
de Buenos Aires de que Urso
aprofundasse as investigações.
Fontes judiciais citadas pela imprensa argentina sustentam que
Urso não tem bom relacionamento com a Câmara, tribunal ao qual
responde. Segundo essas fontes, a
instituição teria lhe chamado a
atenção várias vezes pela suposta
demora na apuração das suspeitas no caso das armas.
Urso ingressou nos tribunais
aos 20 anos e foi diretor de Assuntos Jurídicos de Buenos Aires em
1992, no governo do peronista
Carlos Grosso.
Em maio, quando foi alvo de
uma denúncia de enriquecimento
ilícito, Urso, que diz se considerar
"um homem metódico", compareceu aos tribunais e expôs seu
patrimônio ao escrutínio público.
Com agências internacionais
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