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ÁFRICA
As religiosas e outros dois ruandeses podem pegar até prisão perpétua por crimes cometidos em massacre em 1994
Freiras são condenadas por genocídio em Ruanda
DA REUTERS
Duas freiras beneditinas acusados de participação no genocídio
acontecido em Ruanda entre abril
e julho de 1994 foram condenadas
na madrugada de hoje por um tribunal belga.
O júri composto por sete homens e cinco mulheres também
declarou culpados um professor e
um ex-ministro.
O veredicto pode ser anunciado
hoje, e eles podem pegar até prisão perpétua.
Trata-se da primeira vez em que
se aplica a lei, aprovada em 1993,
que permite que tribunais belgas
julguem crimes internacionais,
independentemente da nacionalidade dos acusados ou de onde os
crimes foram cometidos.
Os quatro condenados, de etnia
hutu, são as religiosas Consolata
Mukangango e Julienne Mukabutera, o professor Vincent Ntezimana e o ex-ministro Alphonse
Higaniro.
Condenados
As religiosas Mukangango (irmã Gertrude), superiora do convento de Sovu, e Mukabutera (irmã Maria Kisito) foram acusadas
de participar dos massacres cometidos perto do convento, nos
quais mais de 5.000 refugiados
tutsis morreram.
Segundo o Ministério Público
belga, as freiras, que ficavam em
um convento próximo a Butare
(sul de Ruanda), entregaram à
milícia extremista hutu Interhamwe galões de gasolina, que foram utilizados para queimar entre 500 e 700 pessoas numa garagem, em 22 de maio.
Em 25 de maio, elas não teriam
evitado o massacre de outros 600
tutsis e, em 6 de junho, teriam "entregado" outros 30 refugiados, que
se abrigavam no convento, a milicianos, segundo os registros da
acusação.
Ntezimana, professor universitário em Butare, foi acusado de ter
elaborado uma lista de professores tutsis que pretendiam sair do
país. Essa lista foi usada por milicianos hutus.
Higaniro, ex-ministro e conselheiro da Presidência de Ruanda,
foi declarado culpado por ordenar a morte de uma família tutsi
de oito pessoas.
A condenação foi celebrada por
organizações de defesa dos direitos humanos. "É um grande passo
para a justiça internacional", disse
Reed Brody, da Human Rights
Watch. Cerca de 800 mil tutsis foram mortos em 1994.
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