São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2001

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ÁFRICA

As religiosas e outros dois ruandeses podem pegar até prisão perpétua por crimes cometidos em massacre em 1994

Freiras são condenadas por genocídio em Ruanda

DA REUTERS

Duas freiras beneditinas acusados de participação no genocídio acontecido em Ruanda entre abril e julho de 1994 foram condenadas na madrugada de hoje por um tribunal belga.
O júri composto por sete homens e cinco mulheres também declarou culpados um professor e um ex-ministro.
O veredicto pode ser anunciado hoje, e eles podem pegar até prisão perpétua.
Trata-se da primeira vez em que se aplica a lei, aprovada em 1993, que permite que tribunais belgas julguem crimes internacionais, independentemente da nacionalidade dos acusados ou de onde os crimes foram cometidos.
Os quatro condenados, de etnia hutu, são as religiosas Consolata Mukangango e Julienne Mukabutera, o professor Vincent Ntezimana e o ex-ministro Alphonse Higaniro.

Condenados
As religiosas Mukangango (irmã Gertrude), superiora do convento de Sovu, e Mukabutera (irmã Maria Kisito) foram acusadas de participar dos massacres cometidos perto do convento, nos quais mais de 5.000 refugiados tutsis morreram.
Segundo o Ministério Público belga, as freiras, que ficavam em um convento próximo a Butare (sul de Ruanda), entregaram à milícia extremista hutu Interhamwe galões de gasolina, que foram utilizados para queimar entre 500 e 700 pessoas numa garagem, em 22 de maio.
Em 25 de maio, elas não teriam evitado o massacre de outros 600 tutsis e, em 6 de junho, teriam "entregado" outros 30 refugiados, que se abrigavam no convento, a milicianos, segundo os registros da acusação.
Ntezimana, professor universitário em Butare, foi acusado de ter elaborado uma lista de professores tutsis que pretendiam sair do país. Essa lista foi usada por milicianos hutus.
Higaniro, ex-ministro e conselheiro da Presidência de Ruanda, foi declarado culpado por ordenar a morte de uma família tutsi de oito pessoas.
A condenação foi celebrada por organizações de defesa dos direitos humanos. "É um grande passo para a justiça internacional", disse Reed Brody, da Human Rights Watch. Cerca de 800 mil tutsis foram mortos em 1994.



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