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Com alterações, ONU deve votar hoje proposta de resolução dos EUA
DA REDAÇÃO
Na tentativa de não levar o debate sobre uma nova resolução da
ONU acerca do Iraque para a cúpula do G8 (grupo que reúne os
sete países mais ricos e a Rússia),
que começa hoje, os EUA e o Reino Unido apresentaram a quarta
versão de sua proposta. A expectativa é votá-la hoje e obter a aprovação unânime dos 15 membros
do Conselho de Segurança, apesar
das queixas de alguns integrantes.
No novo texto, os EUA e o Reino Unido prometem uma "coordenação próxima" entre o governo interino e as forças multinacionais no país, mas não dão ao gabinete iraquiano poder de veto sobre as operações militares, como
exige a França. Na ONU, o embaixador da Alemanha, que se opunha ao texto, disse que as concessões já feitas agradaram ao país.
Essa "coordenação" foi detalhada em cartas enviadas ao conselho pelo secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, e pelo premiê
interino iraquiano, Iyad Allawi.
Os dois textos falam em um "comitê de segurança" para avaliar
"operações delicadas".
A nova proposta também usa
linguagem mais clara para falar
da soberania do governo interino,
afirmando que Bagdá "terá o direito de exercer total autoridade e
controle sobre as finanças e os recursos naturais" do país.
Se aprovado, o texto endossará
a presença de cerca de 160 mil militares estrangeiros no país, sob
comando dos EUA, para garantir
a segurança "até que seja concluído o processo de transição" -ou,
como interpretaram diplomatas,
até a posse de um governo eleito,
prevista para janeiro de 2006.
A Rússia, um dos países que se
opuseram à guerra, elogiou as
mudanças. "A proposta de resolução realmente melhorou", disse
o vice-chanceler russo, Yuri Fedotov, à imprensa local. "Ela reflete
as sugestões da Rússia, da França,
da Alemanha, da China e de outros membros do conselho", afirmou, referindo-se a uma carta de
sugestões enviada pelos quatro
países. O presidente Vladimir Putin fez declaração semelhante e
disse crer que a aprovação do texto revisto "tenha efeito positivo".
Com a resolução, a coalizão anglo-americana espera obter maior
apoio internacional para a reconstrução do Iraque. Os EUA e o
Reino Unido cederam em quase
todos os aspectos -exceto sobre
quem deve ter a última palavra
nas operações de segurança no
país. A França, que reivindica essa
posição para os iraquianos, tem
poder de veto no conselho.
Brasil
Para o embaixador do Brasil na
ONU, Ronaldo Sardenberg, a nova resolução será "necessariamente ambígua", embora tenha
havido avanço nas negociações.
"É uma situação necessariamente
ambígua. Há uma soberania e forças convidadas, que são o parceiro mais forte. Ninguém tem a
idéia de que essa resolução será
pura. Há imprecisões", declarou.
Sardenberg disse que o Brasil
trabalhou com a Espanha e o Chile para propor emendas ao novo
texto. O objetivo era tornar o
mandato da ONU no Iraque mais
claro e incluir uma referência ao
direito humanitário.
Com agências internacionais
Colaborou Rafael Cariello, de Nova
York
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