São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2004

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Com alterações, ONU deve votar hoje proposta de resolução dos EUA

DA REDAÇÃO

Na tentativa de não levar o debate sobre uma nova resolução da ONU acerca do Iraque para a cúpula do G8 (grupo que reúne os sete países mais ricos e a Rússia), que começa hoje, os EUA e o Reino Unido apresentaram a quarta versão de sua proposta. A expectativa é votá-la hoje e obter a aprovação unânime dos 15 membros do Conselho de Segurança, apesar das queixas de alguns integrantes.
No novo texto, os EUA e o Reino Unido prometem uma "coordenação próxima" entre o governo interino e as forças multinacionais no país, mas não dão ao gabinete iraquiano poder de veto sobre as operações militares, como exige a França. Na ONU, o embaixador da Alemanha, que se opunha ao texto, disse que as concessões já feitas agradaram ao país.
Essa "coordenação" foi detalhada em cartas enviadas ao conselho pelo secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, e pelo premiê interino iraquiano, Iyad Allawi. Os dois textos falam em um "comitê de segurança" para avaliar "operações delicadas".
A nova proposta também usa linguagem mais clara para falar da soberania do governo interino, afirmando que Bagdá "terá o direito de exercer total autoridade e controle sobre as finanças e os recursos naturais" do país.
Se aprovado, o texto endossará a presença de cerca de 160 mil militares estrangeiros no país, sob comando dos EUA, para garantir a segurança "até que seja concluído o processo de transição" -ou, como interpretaram diplomatas, até a posse de um governo eleito, prevista para janeiro de 2006.
A Rússia, um dos países que se opuseram à guerra, elogiou as mudanças. "A proposta de resolução realmente melhorou", disse o vice-chanceler russo, Yuri Fedotov, à imprensa local. "Ela reflete as sugestões da Rússia, da França, da Alemanha, da China e de outros membros do conselho", afirmou, referindo-se a uma carta de sugestões enviada pelos quatro países. O presidente Vladimir Putin fez declaração semelhante e disse crer que a aprovação do texto revisto "tenha efeito positivo".
Com a resolução, a coalizão anglo-americana espera obter maior apoio internacional para a reconstrução do Iraque. Os EUA e o Reino Unido cederam em quase todos os aspectos -exceto sobre quem deve ter a última palavra nas operações de segurança no país. A França, que reivindica essa posição para os iraquianos, tem poder de veto no conselho.

Brasil
Para o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Sardenberg, a nova resolução será "necessariamente ambígua", embora tenha havido avanço nas negociações. "É uma situação necessariamente ambígua. Há uma soberania e forças convidadas, que são o parceiro mais forte. Ninguém tem a idéia de que essa resolução será pura. Há imprecisões", declarou.
Sardenberg disse que o Brasil trabalhou com a Espanha e o Chile para propor emendas ao novo texto. O objetivo era tornar o mandato da ONU no Iraque mais claro e incluir uma referência ao direito humanitário.


Com agências internacionais
Colaborou Rafael Cariello, de Nova York


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