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SUCESSÃO NOS EUA / FERIDA DEMOCRATA
Eleitores de Hillary planejam ato em Denver contra rival
Grupos de insatisfeitos pregam de voto em McCain a candidatura independente
Eleitores organizam ação pela internet; pesquisa diz que 25% dos que optaram por Hillary não pretendem votar agora em Obama
DE WASHINGTON
Nas primeiras vezes que Hillary Clinton citou o nome de
Barack Obama, na tarde de ontem em Washington, as vaias se
sobrepuseram aos aplausos.
Aos poucos, na insistência calculada da ex-primeira-dama de
voltar a citar positivamente o
ex-rival, agora virtual candidato democrata à Casa Branca, alcançou-se finalmente um equilíbrio sonoro, em que vaias e
aplausos se anulavam.
A reação dos cerca de 2.000
presentes, no entanto, indicava
o que vem acontecendo desde a
última terça-feira com força total em fóruns na internet e discussões em lugares públicos.
Há milhares de eleitores de Hillary insatisfeitos com o resultado das prévias democratas, e
alguns começam a agir.
Na última semana, formou-se o comitê de ação política
(PAC, na sigla em inglês) Puma.
O símbolo é o da marca esportiva, só que rosa. O acrônimo é
para a frase "Party Unity My
Ass", "unidade partidária o cacete", em tradução livre.
O grupo procura atrair os
25% de eleitores de Hillary que
declararam em pesquisa nacional recente da emissora ABC e
do jornal "Washington Post"
que preferem votar no senador
republicano John McCain -ou
não votar- a escolher Obama.
Entre outras ações, o Puma
começa a organizar o que chama de "marcha do milhão rumo
a Denver". Aquela cidade do
Colorado sediará a convenção
democrata no final de agosto
que deve oficializar o nome de
Barack Obama como candidato
do partido nas eleições.
Alternativas
O PAC é o guarda-chuva mais
vistoso, mas há dezenas de subgrupos. Parte do movimento
exorta o voto de protesto, como
escrever o nome de Hillary no
dia 4 de novembro onde houver
cédulas de papel ou fazer manifestações pela ex-candidata nos
locais com urna eletrônica.
Há ainda quem defenda a saída de Hillary como candidata
independente, como fez por
exemplo o bilionário Ross Perot em 1992 -competindo com
Bill Clinton e Bush pai naquele
ano, ele teve 18,9% dos votos,
ou 19,7 milhões de eleitores.
Na Pensilvânia, um dos Estados onde Hillary ganhou nas
prévias e onde Obama teve um
de seus piores desempenhos, o
nanico Novo Partido Independente Americano anuncia que
viu seu total de eleitores registrados disparar 400% nas três
últimas semanas, a maioria democratas insatisfeitos.
Uma delas é Jill Brantley, 60,
professora da American University, em Washington. Seu
broche gigante amarelo pregado na camiseta explicitava seu
estado de espírito: "Não se engane, eu estou aqui para apoiar
Hillary Clinton, não para endossar o golpe de Barack Obama e da direção nacional do
Partido Democrata", dizia.
"O que aconteceu não foi só
uma eleição marcada por sexismo", disse à Folha. Brantley
diz que ela e "todo mundo que
conhece" estão organizando
movimentos na rede. "Seremos
ouvidas."
(SÉRGIO DÁVILA)
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