São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / FERIDA DEMOCRATA

Eleitores de Hillary planejam ato em Denver contra rival

Grupos de insatisfeitos pregam de voto em McCain a candidatura independente

Eleitores organizam ação pela internet; pesquisa diz que 25% dos que optaram por Hillary não pretendem votar agora em Obama


DE WASHINGTON

Nas primeiras vezes que Hillary Clinton citou o nome de Barack Obama, na tarde de ontem em Washington, as vaias se sobrepuseram aos aplausos. Aos poucos, na insistência calculada da ex-primeira-dama de voltar a citar positivamente o ex-rival, agora virtual candidato democrata à Casa Branca, alcançou-se finalmente um equilíbrio sonoro, em que vaias e aplausos se anulavam.
A reação dos cerca de 2.000 presentes, no entanto, indicava o que vem acontecendo desde a última terça-feira com força total em fóruns na internet e discussões em lugares públicos. Há milhares de eleitores de Hillary insatisfeitos com o resultado das prévias democratas, e alguns começam a agir.
Na última semana, formou-se o comitê de ação política (PAC, na sigla em inglês) Puma. O símbolo é o da marca esportiva, só que rosa. O acrônimo é para a frase "Party Unity My Ass", "unidade partidária o cacete", em tradução livre.
O grupo procura atrair os 25% de eleitores de Hillary que declararam em pesquisa nacional recente da emissora ABC e do jornal "Washington Post" que preferem votar no senador republicano John McCain -ou não votar- a escolher Obama.
Entre outras ações, o Puma começa a organizar o que chama de "marcha do milhão rumo a Denver". Aquela cidade do Colorado sediará a convenção democrata no final de agosto que deve oficializar o nome de Barack Obama como candidato do partido nas eleições.

Alternativas
O PAC é o guarda-chuva mais vistoso, mas há dezenas de subgrupos. Parte do movimento exorta o voto de protesto, como escrever o nome de Hillary no dia 4 de novembro onde houver cédulas de papel ou fazer manifestações pela ex-candidata nos locais com urna eletrônica.
Há ainda quem defenda a saída de Hillary como candidata independente, como fez por exemplo o bilionário Ross Perot em 1992 -competindo com Bill Clinton e Bush pai naquele ano, ele teve 18,9% dos votos, ou 19,7 milhões de eleitores.
Na Pensilvânia, um dos Estados onde Hillary ganhou nas prévias e onde Obama teve um de seus piores desempenhos, o nanico Novo Partido Independente Americano anuncia que viu seu total de eleitores registrados disparar 400% nas três últimas semanas, a maioria democratas insatisfeitos.
Uma delas é Jill Brantley, 60, professora da American University, em Washington. Seu broche gigante amarelo pregado na camiseta explicitava seu estado de espírito: "Não se engane, eu estou aqui para apoiar Hillary Clinton, não para endossar o golpe de Barack Obama e da direção nacional do Partido Democrata", dizia.
"O que aconteceu não foi só uma eleição marcada por sexismo", disse à Folha. Brantley diz que ela e "todo mundo que conhece" estão organizando movimentos na rede. "Seremos ouvidas." (SÉRGIO DÁVILA)


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