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Namoro entre China e Taiwan tem limites
Estreito vive rara calmaria, mas metas de longo prazo da China continental e da ilha são conflitantes
KATHRIN HILLE
MURE DICKIE
DO FINANCIAL TIMES
Enquanto Taiwan e China se
preparam para retornar à mesa
de negociações, autoridades
em Taipé brincam, dizendo que
as conversações são "vinho novo em garrafas velhas".
Previstas para começar em 11
de junho em Pequim, as discussões farão uso de canais antigos: a Fundação de Intercâmbio do Estreito e a Associação
para as Relações Transestreito
-entidades que foram criadas
pelos dois governos há mais de
15 anos para sua primeira tentativa de diálogo.
"Mas os conteúdos são muito
diferentes. Em 1992, a primeira
tarefa era construir confiança,
gradativa", diz um veterano
funcionário do Conselho de Assuntos da China Continental de
Taiwan. "Desde então, já houve
muitos contatos não oficiais, de
modo que hoje estamos avançando a passos largos."
O novo presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, já disse que
a partir de julho quer vôos fretados de ida e volta à China a cada fim de semana e que espera
que turistas chineses possam
começar a visitar a ilha. Ma pretende também fechar um acordo amplo de cooperação econômica e espera que os dois lados
possam, eventualmente, assinar um acordo de paz.
Assim, não surpreende o fato
de terem sido criadas expectativas enormes. Mas os objetivos
de longo prazo de Taipé e Pequim ainda são fundamentalmente contraditórios.
"Estamos vendo os dois lados
avançando rapidamente agora
porque esta é a parte da boa
vontade", disse George Tsai, especialista em relações China-Taiwan na Universidade de
Cultura Chinesa em Taipé.
"Quando passarmos para questões mais delicadas, o ritmo
cairá consideravelmente."
Não está claro se a China
continental está disposta a fazer concessões em questões
que envolvam a soberania da
ilha. "Pequim quer cortejar os
taiwaneses, mas evitar dar à comunidade internacional a impressão de que deixou de insistir no lema "uma só China'", diz
um diplomata em Taipé.
Ao mesmo tempo em que representantes chineses se preparavam para suas conversações amenas com o partido
Kuomintang, de Taiwan, eles
asseguravam que um texto sobre a ilha formulado em linguagem inequívoca fosse incluído
numa declaração com a Coréia
do Sul divulgada no mesmo dia.
Nessa declaração, Pequim
"reiterou que existe apenas
uma China no mundo e que
Taiwan constitui uma parte
inalienável da China".
Reunificação
A diferença entre as linguagens empregadas por Pequim
em contextos políticos distintos alimenta em Taiwan a desconfiança de que a política chinesa em relação à ilha possa facilmente reverter para uma posição mais dura no futuro.
E, mesmo que os dois lados
consigam dar conta desse teste,
o que existe é uma chance de
adiar a divergência básica que
os divide, não de resolvê-la. A
maioria dos taiwaneses prefere
manter o status quo da ilha por
tempo indeterminado.
Os cálculos de Pequim são diferentes. "A liderança chinesa
espera que laços mais estreitos
possam levar a uma tendência
irreversível de unificação antes
da próxima troca de partido governista em Taiwan", diz Tsai.
Até agora, Pequim vem mostrando seu lado ameno. Após
uma reunião há duas semanas
entre o presidente chinês, Hu
Jintao, e o presidente do Kuomintang, o diretor do Escritório de Assuntos de Taiwan do
Partido Comunista declarou
que "após oito anos de chuvas e
tempestades no estreito [que
separa a China da ilha], o céu ficou limpo".
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