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Abstenção recorde marca descrença na UE
Comparecimento na eleição para o Parlamento Europeu foi menor do que em 2004; nos dois casos, nem metade dos eleitores votou
Comissária da UE reconhece falta de "conexão" entre instituições do bloco e cidadãos comuns, que questionam sua eficácia
DA REDAÇÃO
A abstenção recorde registrada ontem ao final do gigantesco processo de voto continental para o Parlamento Europeu demonstrou falta de confiança dos eleitores na instituição e na própria União Europeia, especialmente no modo
como ela vem lidando com a
crise econômica.
Cerca de 43% dos 375 milhões de eleitores compareceram às urnas entre a última
quinta-feira e ontem, proporção ainda menor do que o recorde anterior de baixa participação -as eleições legislativas
europeias de 2004, com 45,5%
de comparecimento.
A análise na imprensa europeia ontem era a de que os eleitores não veem a UE como capaz de resolver seus problemas
imediatos, sobretudo a crise
econômica mundial, que atinge
o rico continente com força.
Embora venha ganhando importância crescente desde sua
primeira versão, de 1952, o Parlamento Europeu ainda é um
Legislativo com limitações.
Na atual hierarquia da UE,
ele perde em número de iniciativas legislativas para a Comissão Europeia, formada por 27
comissários nomeados; eles são
mais ou menos como ministros. E perde para o Conselho
Europeu, formado pelos presidentes e primeiros-ministros
dos Estados-membros.
A comissária responsável pelas "relações públicas" do bloco
com os cidadãos, Margot
Wallstrom, reconheceu ontem
"o mau resultado" da participação nas eleições. Segundo ela, é
preciso trabalhar mais para
mudar a percepção de que a UE
está alienada de seus cidadãos.
Um dos problemas, para
Wallstrom, é a falta de ênfase
dos partidos e governos locais
em temas europeus, mesmo em
eleições gerais para o bloco.
"Não ajuda conduzir esses pleitos europeus tendo como base
agendas nacionais", ela disse.
"Temos algumas lições para
tirar [do baixo comparecimento]; as instituições europeias e
os Estados membros têm que
se conectar melhor com seus
cidadãos." Entre muitos eleitores, há também a percepção de
que a UE é bem mais um obstáculo do que uma solução aos
problemas cotidianos dos cidadãos do continente.
Na Itália, por exemplo, o primeiro-ministro direitista Silvio
Berlusconi culpa o euro pela inflação e associa as normas comunitárias sobre a imigração
-a seu ver muito frouxas- à
presença crescente de cidadãos
ilegais, que seu governo associa
ao aumento da criminalidade.
O baixo comparecimento
também contribuiu para o
crescimento do voto em pequenos partidos, tanto os da extrema esquerda quanto os da extrema direita.
"Esperamos que as pessoas
mantenham o bom senso e o
equilíbrio e não vejamos os partidos extremistas tendo ganhos
muito grandes", disse o ex-presidente da Letônia, Vaira Vike-Freiberga, em um debate sobre
a UE em Bruxelas.
Com agências internacionais
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