|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Israel apura incidente por conta própria
País rejeita proposta da ONU de investigação internacional e abre dois inquéritos sobre a ação em alto-mar
Marinha mata quatro membros da Brigada dos Mártires de Al Aqsa em roupa de mergulho diante da costa de Gaza
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Após rejeitar proposta da
ONU de investigação internacional, Israel decidiu abrir
dois inquéritos domésticos
sobre a ação militar em alto-mar que deixou nove ativistas mortos há uma semana.
A apuração não deve se
concentrar só na interceptação da frota que tentava romper o cerco naval à faixa de
Gaza, mas tentar responder
ao questionamento crescente sobre a legalidade do bloqueio ao território palestino.
Sob pressão externa para
investigar a ação no navio
humanitário Mavi Marmara,
que teve resultado desastroso para a imagem do país e
aumentou o seu isolamento
internacional, Israel fará
dois inquéritos, um militar e
um civil.
Com eles, o governo busca
aplacar as críticas internacionais e satisfazer o seu principal aliado, os EUA.
O incidente no Mediterrâneo preocupa Washington
não apenas pelo potencial de
inflamar a região mas também porque dilui seus esforços para aplicar sanções contra o Irã perante o Conselho
de Segurança da ONU, que
pode votar o tema amanhã.
Para dar credibilidade ao
processo, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, deve incluir na comissão de inquérito dois juristas estrangeiros, inclusive
um americano, informou o
jornal "Haaretz".
Uma outra investigação
será conduzida pelas Forças
Armadas, a fim de apurar se
houve falhas no planejamento e condução da interceptação do navio.
Além dos mortos, a ação
deixou dezenas de feridos,
entre eles nove soldados israelenses.
A ação foi duramente criticada dentro de Israel, principalmente pela suposta falta
de informação dos soldados
de que havia um grupo em
meio aos cerca de 600 passageiros do Mavi Marmara disposto a usar violência para
rechaçar uma abordagem.
NEUTRALIDADE
O comando militar nomeou o general da reserva
Giora Eiland para conduzir a
investigação.
Embora seja conhecido
por defender o bloqueio à faixa de Gaza a fim de impedir
que cheguem armas ao Hamas, Eiland é uma voz dissonante entre a elite militar israelense, por não ser contrário ao diálogo com o grupo islâmico.
Israel quer mostrar que
tem capacidade de investigar
com neutralidade a ação que
despertou uma onda de condenação mundial e aumentou a pressão contra o bloqueio à faixa de Gaza, que a
própria secretária de Estado
dos EUA, Hillary Clinton,
chamou de "insustentável".
Após rejeitar a proposta do
secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, de criar um time de
investigação internacional
com a participação de turcos
e israelenses, Netanyahu age
para esfriar as críticas, tanto
externas como internas.
CENSURA
Ontem a oposição apresentou no Parlamento uma
moção de censura contra o
governo e reforçou o pedido
para que investigue as falhas
cometidas na interceptação
do Mavi Marmara, 1 dos 6 navios da frota humanitária.
A moção foi rejeitada, mas
o governo não escapou dos
ataques da líder da oposição,
Tzipi Livni, que acusou Netanyahu de isolar Israel.
Livni, porém, era chanceler do governo Ehud Olmert,
e participou do processo decisório que levou ao ataque a
Gaza que deixou mais de mil
mortos entre dezembro de
2008 e janeiro de 2009.
MORTES
A Marinha israelense matou ontem quatro membros
da Brigada dos Mártires de Al
Aqsa, em frente à costa de
Gaza.
Eles estavam em roupas de
mergulho e seguiam rumo ao
norte de Israel.
O grupo, considerado terrorista por EUA e União Europeia e ligado ao Fatah, facção
palestina rival do Hamas, informou que os mergulhadores treinavam para uma
"operação" contra Israel, codinome geralmente usado
para atentados.
Egito não impõe prazo
para fechar passagem à faixa de Gaza
folha.com.br/mu747003
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Foco: Repórter decana da Casa Branca deixa cargo após criticar Israel Índice
|