São Paulo, terça, 8 de julho de 1997.



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TENSÃO NA ÁSIA
Forças do segundo premiê assumem o controle de Phnom Penh sem resistência e promovem saques
Hun Sen domina capital do Camboja

das agências internacionais

As forças do segundo primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, assumiram ontem o controle total da capital do país, Phnom Penh, e de seus arredores, três dias depois de iniciados os combates.
As tropas leais ao primeiro primeiro-ministro, o príncipe Norodom Ranariddh, abandonaram suas posições, sem opor resistência ao avanço inimigo.
Ontem, houve relatos de saques no aeroporto da cidade, segundo testemunhos. Mas no final do dia o clima era calmo. Hun Sen disse que os vôos internacionais serão autorizados a partir de amanhã.
Os conflitos, porém, devem recomeçar. "Hoje, nós temos de falar novamente em resistência e guerra civil", disse o príncipe Norodom, cujas forças dominam a região oeste do Camboja. Norodom, que está desde a semana passada em Aix-en-Provence, sul da França, havia prometido organizar do exterior a resistência ao que chamou de "golpe de Estado".
Ontem, o príncipe disse que vai viajar pela Europa, EUA e Ásia para obter o apoio da comunidade internacional à sua causa.
"Nós precisamos de um emissário para o Camboja. Eu resolvi ser esse emissário para explicar ao mundo o que está acontecendo no Camboja e pedir que a comunidade internacional não aceite o golpe de Estado", afirmou.
Norodom disse ainda que saiu de seu país antes do início dos combates seguindo conselho de seus generais, que o avisaram das manobras de Hun Sen.
Desde o início dos combates, no sábado, ao menos 15 pessoas morreram, entre elas um cidadão japonês cuja casa foi atingida por uma bomba. Fontes oficiais chegaram a falar em 150 pessoas atingidas, mas não especificaram as cifras de mortos e feridos.
Instável coalizão
Os dois premiês partilham o governo do Camboja desde 1993 por meio de uma instável coalizão.
Suas forças já haviam se confrontado em outras oportunidades, mas os combates sempre foram vistos como esporádicos. Nunca antes os premiês tinham se atacado diretamente.
No sábado, porém, as milícias de Hun Sen iniciaram o que parece ser um ataque total contra as forças de Norodom.
Hun Sen argumentou que queria desarmar os homens de seu inimigo e o acusou de estar infiltrando desertores do enfraquecido Khmer Vermelho na capital.
O esfacelamento da guerrilha comunista, um processo que se intensificou nos últimos meses, legou ao Camboja um grupo que ainda procura seu papel no jogo de forças do país.
Norodom intermediou contatos entre a guerrilha e o governo, sempre com a oposição de Hun Sen.



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