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Barak Obama avança na corrida do ouro
Campeão de arrecadação, senador novato começa a criticar publicamente Hillary Clinton, que tem a dianteira nas pesquisas
Político consegue mais doadores em campanha à Presidência que deve custar US$ 1 bilhão; críticos dizem
que ele não tem programa
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL À FILADÉLFIA (PENSILVÂNIA)
O escritório de campanha de
Barack Obama começou a vazar que o senador novato pelo
Estado de Illinois baterá novos
recordes de arrecadação neste
trimestre. Ato seguinte, a imprensa especializada passou a
ouvir do comando de Hillary
Clinton, sua principal rival na
disputa pela candidatura democrata à Presidência, que o
marido da ex-primeira-dama
participaria pela primeira vez
da campanha ao lado da mulher. E discursaria.
O que fez a controlada senadora por Nova York, à frente
das pesquisas de intenção de
voto com folgados 18 pontos
percentuais, perder a calma e
lançar mão do que os analistas
estão chamando de "a arma secreta Bill"? A ascensão do político negro de 45 anos num dos
campos em que o casal de democratas era considerado imbatível: o de doações eleitorais.
De abril a junho, Barack Obama arrecadou mais dinheiro, de
mais gente, com o maior número de doadores via internet e de
maneira mais pulverizada do
que todos os outros pré-candidatos à sucessão de George W.
Bush no mesmo período, democratas ou republicanos. Foram US$ 32,5 milhões, número
só batido em época similar por
outro político até hoje: George
W. Bush, nas eleições de 2004.
É muito dinheiro, mesmo para os padrões da atual corrida
presidencial americana, que
pode chegar ao recorde histórico de US$ 1 bilhão gastos pelos
dois candidatos majoritários
até o dia do voto, em 4 de novembro de 2008. Apesar de estar em seu primeiro cargo legislativo nacional, Obama conseguiu mais do que o dobro do ex-prefeito de Nova York Rudolph
Giuliani, o principal pré-candidato republicano, e US$ 5,5 milhões mais do que Hillary.
"Não é o dinheiro que impressiona tanto, mas o número
de pessoas", disse Joe Trippi,
um dos estrategistas da campanha do ex-senador John Edwards, também pré-candidato
democrata, que levantou US$ 9
milhões no trimestre passado.
Mais de 250 mil potenciais
eleitores deram dinheiro a
Obama até agora. Desses, boa
parte contribuiu com até US$
100 -o limite legal é de US$ 2,3
mil- e usou a internet para isso, depois de se informar em sites populares como o You Tube, num fenômeno já batizado
de "arrecadação viral", numa
referência à forma de propaganda camuflada que usa a rede
para se espalhar.
Isso demonstra que, embora
Hillary e Bill ainda atraiam os
tubarões, Obama é o preferido
dos peixinhos -e dos peixinhos
mais jovens. "Nossos 258 mil
doadores são nosso alicerce e
servirão como um exército de
voluntários sem precedentes
nos 50 Estados", escreveu por
e-mail David Plouffe, coordenador da campanha de Obama.
Seu sucesso entre os jovens
também é um dos argumentos
usados por seus críticos. Para o
estrategista democrata James
Carville, "falta conteúdo" ao
candidato. Ele ecoa outros analistas, que reclamam do fato de
a campanha de Obama ter feito
os comerciais mais comentados até agora -mas ainda não
ter apresentado um programa
de governo que possa realmente ser chamado como tal.
De qualquer maneira, o dinheiro no banco fez com que o
senador colocasse as luvas e se
sentisse seguro de partir para o
confronto direto com sua companheira de partido. Até então,
os comandos das duas campanhas se limitavam a pequenos
golpes mútuos, como quando o
time do senador classificou Hillary Clinton como "democrata
pelo Estado de Punjab", ao culpá-la pela terceirização de empregos norte-americanos por
conta das boas relações que
mantém com milionários indianos (depois, o candidato diria que o texto foi liberado sem
sua aprovação).
Na última quinta-feira, no
entanto, o próprio faria referência à concorrente num
evento na Filadélfia. ""Mudar
não pode ser apenas mais um
slogan", cutucou o senador.
Dias antes, Hillary, 59, havia
anunciado o novo slogan de sua
campanha: "Pronta para mudar, pronta para liderar".
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