São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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John McCain promete zerar déficit em quatro anos

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

O candidato republicano à Presidência dos EUA, John McCain, apresentou ontem seu plano de governo para a economia do país, tema apontado como de maior preocupação pelos eleitores.
O ponto mais debatido do projeto foi a promessa de zerar o déficit orçamentário anual do governo em quatro anos -e não em oito, como disse anteriormente- , o que gerou polêmica ao longo do dia. McCain foi pouco específico na estratégia de cumprir essa meta e, ao mesmo tempo, reduzir impostos, como já havia prometido.
Entre as medidas listadas para conter gastos, está a revisão de programas de Seguridade Social e de planos de saúde pública para idosos, sem especificar limitação de benefícios.
Para Michael McDonald, analista político do Instituto Brookings, de Washington, o projeto de McCain não é realista. "Acabar com o déficit do Orçamento é certamente algo mais fácil de falar do que de fazer. McCain tem contra ele a estratégia de manter as tropas americanas no Iraque, que são responsáveis em grande parte pelo estouro do déficit orçamentário no governo Bush", disse ele à Folha.
"A revisão de Seguridade Social é fundamental, mas McCain não disse onde vai cortar. E nem vai dizer até que seja eleito, já que o assunto é extremamente impopular", afirma.
Os EUA deverão fechar 2008 com déficit de US$ 410 bilhões, em um total acumulado de mais de US$ 9,5 trilhões. Para cobrir a diferença entre arrecadação e gastos, o governo tem de vender títulos de dívida, o que enfraquece o dólar, gerando problemas como a alta da gasolina, vendida atualmente a cerca de US$ 4,10 o galão (3,8 litros), e contaminando os outros setores da economia.
A campanha do democrata Barack Obama criticou o programa do republicano. "Você gosta da economia do Bush? Contrate McCain", diz um vídeo divulgado pelo rival.

Álcool de cana
McCain também ataca políticas protecionistas, dizendo que, se presidente, vai derrubar subsídios e estimular o livre comércio. "Noventa e cinco por cento dos consumidores do mundo estão fora de nossas fronteiras (...). Os Estados Unidos devem se engajar em esforços multilaterais, regionais e bilaterais para reduzir barreiras comerciais", diz o projeto.
O candidato confirma no texto a intenção de estimular a importação de álcool de cana-de-açúcar, produto do qual o Brasil é o grande produtor mundial. Ele não detalha, contudo, como isso seria feito. Em outras ocasiões, disse que baixaria as tarifas para o produto brasileiro.
O Brasil é citado como exemplo na produção de carros bicombustíveis. "Em apenas três anos o Brasil foi de 5% das vendas de carros novos flex para 70%. Os produtores de carro americanos se comprometeram a fazer 50% dos carros novos flex em 2012. John McCain os convoca a fazer uma transição mais rápida e completa."


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