São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

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Rádio cita elo nuclear entre EUA e Israel

Suposto documento secreto diz que Washington aceita colaborar com programa atômico e vender tecnologia

Colaboração ocorreria apesar de israelenses não serem signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear

DE SÃO PAULO

Os EUA enviaram a Israel um documento secreto no qual se comprometem com uma colaboração nuclear bilateral, segundo os jornais israelenses "Haaretz" e "Jerusalem Post". Ambos citaram a rádio do Exército israelense como fonte.
Segundo a rádio, Washington prometeu vender a Israel materiais usados para produzir eletricidade, além de tecnologia nuclear, apesar de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
A rádio também afirma que os Estados Unidos concordaram em retratar publicamente Israel como "um Estado responsável, que se comporta com moderação relativa a suas capacidades".
Fora isso, não há mais detalhes sobre o suposto documento secreto. Nenhum dos países comentou o caso.
Israel não confirma nem nega a posse de um arsenal nuclear, estimado em 200 ogivas, e sofre crescente pressão internacional para ser mais transparente quanto ao tema. Por não ser signatário do TNP, o país tem mais dificuldade em obter apoio externo para a produção de energia nuclear.
De seu lado, o presidente dos EUA, Barack Obama, é pressionado por aliados árabes a exigir de Israel a adesão ao tratado, já que o Irã é sancionado por seu programa nuclear antes mesmo de obter a bomba e negando intenção de produzi-la.
Em maio, um acordo de revisão do Tratado de Não Proliferação, apoiado por Washington, convocou para 2012 uma cúpula sobre a implementação de uma zona livre da bomba e de armas químicas e biológicas no Oriente Médio e exortou Israel a aderir ao pacto.
O episódio foi visto com preocupação pelo governo israelense, que até o momento se nega a participar da cúpula de 2012.

ENCONTRO
A questão nuclear esteve presente no encontro entre Obama e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, anteontem em Washington.
No entanto, na ocasião, Obama apenas negou que tenha mudado sua posição em relação a maio e disse que, "devido a seu tamanho e às ameaças contra ele, Israel tem requerimentos de segurança únicos".
O encontro foi uma tentativa de amenizar a percepção de racha entre os dois países.
Em março, o anúncio de novas construções judaicas em Jerusalém Oriental -território reivindicado pelos palestinos-, durante a visita a Israel do vice-presidente americano, Joe Biden, estremeceu as relações bilaterais.
A cúpula terminou sem anúncios concretos, mas houve promessas de pressão ao Irã e de retomada do diálogo direto com os palestinos. No encontro, Obama destacou o "elo inquebrável" entre EUA e Israel.
Também segundo o correspondente da rádio do Exército israelense, o documento de cooperação nuclear com Washington poderia colocar Israel no mesmo patamar que a Índia, outra não signatária do TNP e que testou sua bomba atômica no início dos anos 1990.
Apesar disso, os EUA suspenderam em 2008 o embargo global à venda de material nuclear aos indianos. Pelo acordo, a Índia abriria suas instalações civis à inspeção internacional, mas não as usinas de fins militares.


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