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PASSADO NAZISTA
Empresa automobilística alemã anuncia fundo para pagar pelo uso de mão-de-obra gratuita na Segunda Guerra
VW vai indenizar "escravos da guerra'
das agências internacionais
A empresa de veículos alemã
Volkswagen anunciou ontem que
irá criar um fundo para indenizar
a mão-de-obra escrava que trabalhou para ela durante a Segunda
Guerra Mundial (1939-45).
No mês passado, a empresa havia se negado a pagar as indenizações, afirmando que o responsável
pela mão-de-obra escrava era o
governo alemão da época, então
sob domínio nazista. Segundo a
Volkswagen, as indenizações deveriam ser requeridas ao atual governo alemão.
O governo afirmou que os pedidos de indenização por trabalho
escravo durante o regime nazista
não eram mais possíveis.
Ontem, a indústria de veículos,
fundada em 1938, sob o governo
de Adolf Hitler, disse ter voltado
atrás por "reconhecer as responsabilidades históricas e morais derivadas do uso de mão-de-obra escrava durante a Segunda Guerra
Mundial". A Volkswagen usou
trabalho escravo em sua principal
indústria, à época instalada em
Wolfsburg.
Os detalhes do plano de indenização devem ser anunciados no
início de setembro.
Judeus húngaros
A decisão da Volkswagen foi divulgada semanas após um grupo
de 30 judeus de origem húngara
ter visto recusada sua demanda
por indenização.
Inicialmente, a empresa propôs
formar um fundo de compensação que seria administrado por
autoridades do governo alemão. O
advogado do grupo, Klaus von
Mueunchhausen, afirmou, no dia
17 do mês passado, que iria acionar judicialmente a Volkswagen
porque a proposta apresentada
não era "legalmente realista".
Segundo Von Mueunchhausen,
outras empresas que instituíram
um fundo semelhante conseguiram se livrar do pagamento de indenizações.
O advogado disse que pretendia
obter os salários não-recebidos
por seus clientes, que agora têm
idades em torno de 70 anos.
Quando eram adolescentes, os
judeus foram enviados do campo
de concentração de Auschwitz, na
Polônia, para trabalhar na Volkswagen.
O grupo estava entre as cerca de
12 milhões de pessoas que foram
forçadas a trabalhar sem receber
salários na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
A Volkswagen, segundo Bernd
Graef, seu porta-voz, está entre as
12 mil empresas alemãs que usaram trabalho escravo durante o
conflito.
No mês passado, o candidato a
chanceler (premiê) da oposição,
Gerhard Schröder, que lidera as
pesquisas de intenção de voto para as próximas eleições, marcadas
para setembro, pediu que a Volkswagen pagasse as indenizações.
Uwe Karste, porta-voz do governo da Baixa Saxônia, Estado governado por Schröder, afirmou
que a decisão da Volkswagen, a
quarta maior empresa do ramo
automobilístico do mundo, era
um passo na direção certa.
Outras denúncias
Em dezembro do ano passado, o
sindicato de metalúrgicos da empresa alemã IG Metall afirmou
que a maior companhia industrial
do país, Daimler-Benz AG, e Robert Bosch, fabricante de componentes eletrônicos e automobilísticos, tiveram lucros com o emprego de mão-de-obra escrava durante a Segunda Guerra.
No final do conflito, a Daimler,
segundo o sindicato, tinha 25 mil
trabalhadores escravos.
A Siemens AG, outra importante empresa alemã, também é acusada de haver usado mão-de-obra
escrava durante a Segunda Guerra
Mundial.
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