São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

6 palestinos são mortos

Palestinos aceitam proposta de retirada

DA REDAÇÃO

Os palestinos aceitaram ontem uma proposta israelense para a retirada gradual de territórios reocupados na faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Autoridades dos serviços de segurança das duas partes se reuniram para discutir a oferta de Israel. O país está disposto a sair inicialmente da faixa de Gaza -o plano foi apelidado de "Gaza Primeiro". Em troca, exige que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) impeça a atividade dos grupos extremistas na região.
"Há uma aprovação preliminar", disse o ministro palestino Nabil Shaath, após o presidente da ANP, Iasser Arafat, ter convocado uma reunião de emergência de seu gabinete. Os detalhes finais do acordo ainda seriam definidos em novo encontro bilateral na madrugada de hoje.
A saída israelense de outras áreas sob ocupação militar -Belém e Hebron seriam as primeiras cidades da Cisjordânia a serem desocupadas- ocorreria de acordo com o resultado obtido em Gaza.
Se a ANP mantiver o controle, Israel deve retirar progressivamente suas tropas. "O teste será ver se os palestinos cumprirão sua parte e tomarão medidas sérias para combater o terrorismo", disse Raanan Gissin, porta-voz do premiê israelense, Ariel Sharon.
Por causa dos ataques terroristas da Intifada (levante palestino contra a ocupação, iniciado em setembro de 2000), tropas israelenses vêm reocupando partes dos territórios palestinos. O Exército invadiu sete das oito grandes cidades da Cisjordânia em junho, afirmando estar combatendo a infra-estrutura dos terroristas.
A presença militar israelense tem tornado críticas as já precárias condições de vida da população. Cerca de 700 mil palestinos estão sob toque de recolher na Cisjordânia, com o desemprego atingindo níveis recordes.
"Queremos fazer gestos humanitários e econômicos e avançar rumo a um cessar-fogo", declarou ontem o chanceler Shimon Peres.

Seis mortos
Apesar das negociações, Israel prosseguiu ontem com sua ofensiva em busca de terroristas. Matou ao menos seis palestinos em ações separadas na faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Em Tulkarem (Cisjordânia), soldados mataram quatro integrantes do Tanzim, grupo paramilitar ligado ao Fatah, partido de Arafat. Outros 15 suspeitos foram presos. Uma das vítimas foi identificada como Ziad Daas, comandante regional das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah.
No campo de refugiados de Khan Yunis (Gaza), atiradores de elite israelenses mataram Hussan Hamdan, membro da ala militar do grupo extremista islâmico Hamas. Abdel Aziz Rantissi, um dos líderes do movimento islâmico, defendeu o assassinato do premiê israelense como vingança pela morte de Hamdan. "Peço ao aparato militar do Hamas que haja pessoalmente contra Sharon e ataque a sua casa e o seu filho."
Dezenas de tanques entraram ontem em Beit Lahia, no norte da faixa de Gaza. Um policial palestino morreu na troca de tiros. Pelo menos 1.489 palestinos e 585 israelenses já morreram na Intifada, iniciada após o colapso das negociações de paz.

Washington
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, recebe hoje numa reunião em Washington uma delegação de ministros palestinos. Entre eles estarão os responsáveis pelas pastas do Interior, Abdel Razzak al-Yahya, e da Economia, Maher al-Masri. É o primeiro encontro de alto escalão entre autoridades americanas e da ANP desde que o presidente George W. Bush defendeu, em junho, o isolamento político de Arafat.


Com agências internacionais

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