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Assessor reforça laços de Obama com lobby do álcool
Daschle pode prestar serviços a maior grupo lobista
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON
Um dos mais importantes
auxiliares de Barack Obama está em negociações para tornar-se assessor da Associação dos
Combustíveis Renováveis, o
mais poderoso lobby dos produtores de álcool combustível
na capital dos EUA. Trata-se do
ex-líder da maioria democrata
no Senado Tom Daschle, que
há anos é defensor influente da
indústria do álcool.
A notícia ressalta algo que o
setor alcooleiro já acredita ser
verdade: que, apesar das declarações de Obama de que os
EUA talvez precisem reavaliar
sua política para o álcool feito a
base de milho, devido às críticas sobre o impacto dela sobre
os preços mundiais dos alimentos, o candidato democrata e
seus assessores basicamente
apóiam a indústria.
John McCain, o rival republicano de Obama, já declarou que
apóia o álcool, mas se opõe ao
pagamento de subsídios ao setor. "Acho que McCain provavelmente tentará fechar a indústria do álcool", disse Das-
chle. "Ele tem falado muito
abertamente sobre isso. Obama, porém, reconhece a importância do álcool e dos biocombustíveis de maneira geral."
O ex-senador disse que ele
próprio não vai atuar como lobista, nem reunir-se com legisladores em nome da Associação
de Combustíveis Renováveis,
mas que vai aconselhar o lobby
quando este precisar responder a questões ligadas ao impacto sobre o meio ambiente e
os preços dos alimentos.
Visto por alguns como potencial chefe do Estado-Maior de
Obama, Daschle integra o conselho de direção da Mascoma,
empresa que está desenvolvendo tecnologias de álcool celulósico.
Lobistas acusam fabricantes
de alimentos e empresas de petróleo e gás de arquitetar ataques à indústria do álcool, incluindo alegações de que os aumentos dramáticos nos preços
dos alimentos são resultado da
chamada conversão de "alimentos em combustíveis".
Um relatório do Banco Mundial divulgado no ano passado
também atribuiu ao grande aumento na produção de biocombustíveis nos EUA e Europa a
alta dos preços dos alimentos.
"Eu argumentaria que o Banco Mundial foi influenciado por
muitas das idéias mais difundidas da época, criadas em parte
pelas empresas petrolíferas e as
empresas de alimentos", disse
Daschle. Ele cita economistas
que afirmam que a produção de
álcool é responsável por um aumento de 2% a 3% nos preços
dos alimentos, mas que os principais responsáveis por esses
aumentos são as altas nos custos da energia, dos transportes
e de outros insumos, como os
fertilizantes.
Tradução de CLARA ALLAIN
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