São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2008

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Assessor reforça laços de Obama com lobby do álcool

Daschle pode prestar serviços a maior grupo lobista

DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

Um dos mais importantes auxiliares de Barack Obama está em negociações para tornar-se assessor da Associação dos Combustíveis Renováveis, o mais poderoso lobby dos produtores de álcool combustível na capital dos EUA. Trata-se do ex-líder da maioria democrata no Senado Tom Daschle, que há anos é defensor influente da indústria do álcool.
A notícia ressalta algo que o setor alcooleiro já acredita ser verdade: que, apesar das declarações de Obama de que os EUA talvez precisem reavaliar sua política para o álcool feito a base de milho, devido às críticas sobre o impacto dela sobre os preços mundiais dos alimentos, o candidato democrata e seus assessores basicamente apóiam a indústria.
John McCain, o rival republicano de Obama, já declarou que apóia o álcool, mas se opõe ao pagamento de subsídios ao setor. "Acho que McCain provavelmente tentará fechar a indústria do álcool", disse Das- chle. "Ele tem falado muito abertamente sobre isso. Obama, porém, reconhece a importância do álcool e dos biocombustíveis de maneira geral."
O ex-senador disse que ele próprio não vai atuar como lobista, nem reunir-se com legisladores em nome da Associação de Combustíveis Renováveis, mas que vai aconselhar o lobby quando este precisar responder a questões ligadas ao impacto sobre o meio ambiente e os preços dos alimentos.
Visto por alguns como potencial chefe do Estado-Maior de Obama, Daschle integra o conselho de direção da Mascoma, empresa que está desenvolvendo tecnologias de álcool celulósico.
Lobistas acusam fabricantes de alimentos e empresas de petróleo e gás de arquitetar ataques à indústria do álcool, incluindo alegações de que os aumentos dramáticos nos preços dos alimentos são resultado da chamada conversão de "alimentos em combustíveis".
Um relatório do Banco Mundial divulgado no ano passado também atribuiu ao grande aumento na produção de biocombustíveis nos EUA e Europa a alta dos preços dos alimentos.
"Eu argumentaria que o Banco Mundial foi influenciado por muitas das idéias mais difundidas da época, criadas em parte pelas empresas petrolíferas e as empresas de alimentos", disse Daschle. Ele cita economistas que afirmam que a produção de álcool é responsável por um aumento de 2% a 3% nos preços dos alimentos, mas que os principais responsáveis por esses aumentos são as altas nos custos da energia, dos transportes e de outros insumos, como os fertilizantes.


Tradução de CLARA ALLAIN


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