São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Unasul criará conselho contra narcotráfico

Organismo será lançado em reunião em Quito, em meio a discussão sobre ampliação da presença militar dos EUA na Colômbia

Acordo entre Washington e Bogotá mira justamente combate ao tráfico; Lula vem defendendo que região lide sozinha com questão


Associated Press/Presidência da Colômbia
DO CAFÉ PARA A DEFESA
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, empossa Gabriel Silva como ministro da Defesa; Silva, que foi embaixador da Colômbia nos EUA e liderava a poderosa associação de produtores de café do país, prometeu dar prosseguimento à ofensiva contra as Farc

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em meio à polêmica sobre a ampliação do acordo militar entre os Estados Unidos e a Colômbia, os chefes de Estado da Unasul (União de Nações Sul-americanas) pretendem aprovar na reunião de segunda-feira em Quito (Equador) a criação de um conselho ministerial de combate ao narcotráfico.
A proposta vem sendo discutida desde a última reunião de cúpula da Unasul. De acordo com informações da diplomacia brasileira, na segunda-feira os chanceleres dos países-membros serão instruídos a compor um grupo de trabalho para redigir um estatuto e um plano de ação para o conselho, o que deve ser apresentado até o final deste ano.
Caberá a esse grupo definir na prática os poderes e a forma de atuação do conselho.
Lula conversou sobre o tema com o presidente Barack Obama em sua visita aos EUA em março deste ano. À época, Lula disse que a ideia surgiu de uma conversa justamente com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e justificou a criação do conselho dizendo que era "para não ficar dependendo da ingerência de ninguém numa coisa que nós temos de resolver pelas próprias mãos".
"Aos poucos, os países da América Latina estão percebendo que nós precisamos deixar de ser dependentes, porque fica todo o mundo esperando que o país rico vá lá fazer as coisas que nós deveríamos fazer", disse Lula, na ocasião.
Hoje, as palavras ganham um novo contorno, em virtude do mal-estar na região com a decisão da Colômbia de ampliar a presença militar americana em seu país em até sete bases, justamente sob o argumento do combate ao narcotráfico. Os EUA já são hoje o principal parceiro da Colômbia na luta contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Uribe, no entanto, anunciou que não vai à reunião da Unasul em virtude da polêmica sobre as bases e do fato de o anfitrião da reunião, o Equador, ter cortado relações diplomáticas com a Colômbia depois que militares colombianos atacaram uma base das Farc em solo equatoriano, no ano passado.
Segundo o porta-voz da Presidência brasileira, Marcelo Baumbach, outros três conselhos devem ser criados na segunda-feira: de infraestrutura e planejamento, de desenvolvimento social e de educação, cultura, tecnologia e inovação.
Outros três grupos já foram estabelecidos em reuniões anteriores -de energia, saúde e defesa- sem resultados tangíveis até agora.

Bases
O porta-voz descartou a possibilidade de Lula propor um pronunciamento conjunto do órgão sobre a questão do acordo militar entre EUA e Colômbia, mas sinalizou que o tema deve estar na pauta em breve.
"O Brasil acredita que, num momento posterior, o tema deveria ser discutido na Unasul, que é o foro apropriado para este debate. A presença americana na região, por mais bem substanciada que possa ser do ponto de vista da Colômbia, sempre causa preocupações, por se tratar de um país estrangeiro", afirmou.
A entrevista do porta-voz foi concedida um dia depois da passagem de Uribe por Brasília. O colombiano foi cobrado para que apresente garantias jurídicas de que eventuais operações dos EUA ocorram apenas em território colombiano.


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