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Saiba o que foi o regime de Vichy
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
São 12h52 de 15 de outubro de
1945. No pátio central da prisão
francesa de Fresnes é fuzilado o todo-poderoso ex-primeiro-ministro Pierre Laval, 62.
A notícia, transmitida pelas
emissoras públicas de rádio, é comemorada nos gabinetes do Governo Provisório, chefiado por
Charles de Gaulle. A honra nacional começava a ser lavada.
O marechal Philippe Pétain
(1856-1951), que fora chefe de Estado, sofreria condenação idêntica, mas sua pena foi comutada em
prisão perpétua. Ele morreria degredado na ilha d'Yeu.
Pétain e Laval foram as pedras de
toque do Regime de Vichy, denominação oficiosa do governo francês durante a Segunda Guerra
Mundial.
A percepção da população francesa sobre o que realmente ocorreu na época foi falseada pela figura de Pétain, herói nacional da Primeira Guerra, comandante vitorioso da decisiva batalha (contra a
Alemanha) em Verdun.
Era difícil conceber que alguém
com seu porte patriótico pudesse
fazer o jogo do inimigo. Os franceses foram passivos. A Resistência
foi obra de uma pequena minoria
comunista ou gaullista.
Com a ocupação pelas tropas do
Terceiro Reich de metade do território francês -inclusive Paris-,
instalou-se no balneário de Vichy
um governo que deveria encontrar
um modo de convívio com Hitler.
A República Francesa deixou de
existir. No lugar dela, surgiu o Estado Francês, fundamentado no
ideário da extrema-direita nacionalista, que havia perdido a hegemonia política para a frente de
partidos de esquerda nas eleições
legislativas de 1936.
Os "nacionalistas" suspendem o
direito de greve, colocam na ilegalidade os partidos, passam a cultuar a pátria e a família e oficializam uma política de perseguição
aos judeus.
"Eu desejo a vitória da Alemanha, porque, sem ela, os bolchevistas tomarão conta de toda a Europa", diria Laval em 1942.
Essa política de "colaboração"
(o termo está num dos primeiros
discursos de Pétain) se traduz por
alguns números eloquentes.
Vichy deportou 222 mil pessoas
para a Alemanha, 83 mil por questões "raciais" e 65 mil por motivos
políticos. Para substituir nas fábricas alemãs os operários que serviam o Exército, 153 mil franceses
foram enviados como "voluntários" aos territórios do Reich.
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