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ORIENTE MÉDIO
Premiê de Israel cobra fim da violência; grupo islâmico Hezbollah sequestra três soldados israelenses
Barak dá ultimato de 48 horas para Arafat
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O premiê israelense, Ehud Barak, deu ontem um ultimato ao
presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat. Segundo o premiê, Arafat tem 48
horas para pôr fim aos enfrentamentos entre palestinos e soldados israelenses, que se repetiram
ontem em várias regiões.
Barak anunciou que, se a violência não for controlada nesse prazo, considerará o processo de paz
terminado e autorizará os militares israelenses a usar de todos os
meios para pôr fim aos conflitos.
"Se não houver uma mudança
nos padrões de violência nos próximos dois dias, consideraremos
isso como uma cessação do processo de paz e ordenaremos ao
Exército e às forças de segurança
que utilizem todos os meios para
interromper a violência."
O ministro da Informação palestino, Iasser Abed Rabbo, disse
que a população não cederá a
ameaças. "Se o processo de paz
morrer, será por Barak."
A guerrilha extremista islâmica
Hezbollah sequestrou ontem três
soldados israelenses durante confrontos na fronteira de Israel com
o Líbano, abrindo um foco de tensão que pode se estender além das
fronteiras de Israel.
Barak disse que os governos do
Líbano e da Síria (país que tem influência sobre o Líbano) têm responsabilidade pelo sequestro e
que tomará medidas enérgicas
para resgatar os soldados e garantir a segurança no norte do país.
O sequestro dos soldados israelenses ocorreu após centenas de
refugiados palestinos no sul do Líbano entrarem em confronto
com soldados israelenses num
posto militar na fronteira.
Gritando slogans contra Israel,
eles jogaram pedras contra os soldados, que atiraram contra a multidão. Dois palestinos morreram e
vários foram feridos.
Segundo Israel, os soldados reagiram quando os manifestantes
tentaram derrubar uma cerca que
divide os dois países. Há 350 mil
refugiados palestinos no Líbano.
Em represália à morte dos palestinos, os guerrilheiros do Hezbollah lançaram morteiros e mísseis Katyusha contra as forças israelenses nos postos de fronteira.
Israel respondeu com artilharia
e ataques aéreos contra bases
guerrilheiras nas montanhas no
sul do Líbano. O Hezbollah disse
que sete civis ficaram feridos.
Foi o primeiro incidente grave
na região desde que Israel retirou
as suas tropas do sul do Líbano
em maio, pondo fim a 22 anos de
ocupação. Unidades especiais do
Exército israelense foram enviadas para a fronteira e colocadas
em estado de alerta.
O primeiro-ministro israelense
ameaçou tomar "medidas enérgicas" caso o Líbano e a Síria não
coloquem "um fim imediato às
atividades hostis na fronteira com
Israel". Em mensagem enviada
aos dois países, Israel pediu que
eles "exerçam autoridade" sobre
todas as organizações que atuam
na fronteira com Israel.
"O papel da Síria é acabar imediatamente com essa agressão, caso contrário ela será alvo de nossa
resposta", disse o vice-ministro
da Defesa, Ephraim Sneh.
O ministro sírio de Relações Exteriores, Farouq Al Shara, respondeu: "As reivindicações e a ação
do Hezbollah são legítimas".
Em comunicado divulgado em
Beirute, capital do Líbano, o Hezbollah disse que capturou os soldados israelenses numa emboscada na região de Chebaa, perto da
fronteira. O grupo diz que atirou
contra a patrulha, matando vários
soldados e capturando três. Israel
não confirmou as mortes.
"Sequestramos os soldados como parte de nossa promessa de liberar todos os prisioneiros libaneses (em cárceres israelenses),
recuperar cada porção de nossa
terra ocupada e apoiar a nova Intifada (levante popular) palestina", diz o comunicado.
O Exército israelense disse que
fará tudo o que for necessário para "trazer os soldados para casa
sãos e salvos".
O ministro israelense interino
das Relações Exteriores, Shlomo
Ben Ami, fez um apelo aos Estados Unidos para que pressionem
o Líbano e a Síria a restabelecer a
ordem na fronteira.
O presidente Bill Clinton cancelou uma viagem interna que faria
nos EUA para acompanhar os
acontecimentos no Oriente Médio e tentar impedir uma escalada
na violência.
Também ocorreram conflitos
na Cisjordânia e na faixa de Gaza,
onde um palestino morreu, elevando para 81 o número de pessoas mortas em decorrência dos
conflitos dos últimos dias.
Resolução da ONU
Com a abstenção dos EUA, o
Conselho de Segurança da ONU
aprovou ontem uma resolução
que condena "o uso excessivo de
força" por parte de Israel nos conflitos. O órgão também pediu
"uma investigação rápida e objetiva".
Durante a madrugada de sexta-feira para sábado, Israel retirou
policiais que guardavam a Tumba
de José, na cidade de Nablus, utilizada como seminário por estudantes israelenses, e transferiu a
segurança do local temporariamente para forças palestinas.
A tumba foi atacada por palestinos, que colocaram fogo em caixas de munição deixadas no local
e hastearam a bandeira palestina.
O local, onde um dos patriarcas
da Bíblia foi supostamente enterrado, é sagrado para os judeus.
Arafat ordenou sua reconstrução.
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