|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ação expõe
divergências
no governo
DE WASHINGTON
Como em todas as decisões assinadas por George
W. Bush desde que assumiu
o governo, em janeiro, a autorização para que militares
atacassem o Afeganistão
provocou especulações divergentes sobre atritos dentro do governo e várias versões sobre quem seria a
"mente oculta" por trás do
presidente.
A julgar pela maioria das
matérias divulgadas nos dias
seguintes aos atentados terroristas de 11 de setembro
passado, o "moderado" secretário de Estado, Colin Powell, estaria isolado numa
administração formada majoritariamente por defensores de um ataque fulminante
não só contra o Afeganistão
como também contra o Iraque, o Irã e a Síria.
Entre os "belicosos" estariam o vice-presidente, Dick
Cheney, a assessora para assuntos de segurança nacional, Condollezza Rice, o secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld, e o subsecretário
da Defesa, Paul Wolfowitz
- o último chegou a sugerir
a "eliminação de Estados"
como retaliação.
Mas fatos divulgados nos
últimos dias indicam a existência de um complicado
mosaico e mostram uma influência mais forte de posições moderadas sobre o governo do que se imaginava.
Depois de sugerir que Cheney estaria rivalizando de
forma crítica com Powell
dentro da administração, o
"The New York Times" indicou ontem que o vice não só
concordou com Powell sobre a necessidade de formar
uma forte coalizão, incluindo países árabes, como foi
encarregado de convencer
Rumsfeld a viajar para
Oriente Médio e Ásia Central para reforçar os esforços
diplomáticos.
Dois assessores de Rumsfeld confirmaram à Folha as
pressões de Cheney sobre o
secretário. Lembraram que
o vice construiu na última
década uma relação de amizade com líderes árabes não
só durante a Guerra do Golfo (1991), quando ele próprio
era secretário da Defesa, mas
também por meio dos contratos petrolíferos.
É verdade que, como chefe
de Rumsfeld e de Wolfowitz
durante a Guerra do Golfo,
Cheney é respeitado e ouvido por ambos. Mas isso não
significa que o vice concorde
com declarações como a de
Wolfowitz, que ele considerou um "desastre".
Isso não significa que Cheney tenha uma boa relação
com Powell, com quem também conviveu na Guerra do
Golfo. Os dois são as mais
poderosas figuras dentro de
um governo que, para alguns, tem um presidente intelectualmente vulnerável.
Nos últimos dois dias,
Cheney, Rumsfeld e Powell
decidiram juntos com Bush
os ataque ao Afeganistão. O
consenso nos EUA é que, se
há um grande conflito dentro do governo, ele será manifestado quando e se o país
decidir ampliar seus ataques
a outros países. Se isso ocorrer, é possível que Cheney e
Powell manifestem a mesma
opinião.
(MA)
Texto Anterior: Retaliação: Bush anuncia ofensiva "longa e implacável" contra Bin Laden Próximo Texto: "Não pedimos a missão, mas a cumpriremos" Índice
|