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O ALVO
Saudita culpa Bush, "o chefe dos infiéis", pelos atentados de 11 de setembro nos EUA
Bin Laden promete que a "América não viverá em paz"
DA REUTERS
O homem mais procurado do
mundo, Osama bin Laden, responsabilizou o "infiel" presidente
dos Estados Unidos, George W.
Bush, pelos ataques de 11 de setembro e disse que os EUA não viveriam em paz até que os palestinos pudessem fazer o mesmo.
Em um discurso gravado em vídeo e transmitido pelo canal de
TV Al Jazeera pouco depois de
forças ocidentais iniciarem um
ataque ao Afeganistão, Bin Laden
pediu que a península Arábica
fosse livrada do "mal", renovando
sua antiga exigência de que forças
norte-americanas deixem a Arábia Saudita, berço do islamismo,
onde ele nasceu.
Bin Laden, chamando Bush de
"chefe dos infiéis", expressou seu
apoio aos atentados suicidas de 11
de setembro em Nova York e
Washington, que mataram cerca
de 5.000 pessoas.
"Todo muçulmano deve se levantar para defender sua religião.
O vento da fé está soprando, e o
vento da mudança está soprando
para remover o mal da península
de Muhammad", disse Bin Laden
em sua primeira aparição pública
após os ataques.
"Quanto à América, digo a ela e
a seu povo algumas palavras: juro
por Allah, o Grande, que a América nunca mais sonhará e não viverá em paz até que a paz reine na
Palestina e o exército de infiéis
deixe a terra de Muhammad, a
paz esteja com ele."
Em seu discurso à Al Jazeera,
com sede em Qatar, Bin Laden foi
filmado contra um pano de fundo
rochoso e com um fuzil automático ao seu lado.
No videoteipe, transmitido apenas duas horas depois que os EUA
e o Reino Unido começaram a
atacar o Afeganistão, ele não assumiu a responsabilidade pelos ataques de 11 de setembro.
Ele já havia supostamente emitido declarações por meio de associados negando estar por trás
dos atentados.
Apoio
Mas Bin Laden não foi ambíguo
ao declarar seu apoio aos sequestradores que realizaram os ataques. Ele disse: "Deus abençoou
um grupo de muçulmanos da
vanguarda, a dianteira do islã, para destruírem a América. Que
Deus os abençoe e os dê um lugar
supremo no paraíso, porque Ele é
o único que pode fazê-lo."
Bin Laden, vestido com um casado camuflado, um lenço e um
turbante, parecia cansado e olhou
para o chão durante a maior parte
de seu discurso, aparentemente
não escrito previamente.
Ele demonstrou satisfação pelas
mortes de norte-americanos em
11 de setembro, dizendo que os
EUA mereciam o que haviam sofrido. Bin Laden também disse
que o mundo, agora, estava dividido entre "o campo dos fiéis e o
campo dos infiéis".
"O que a América enfrenta hoje
é uma porção muito pequena do
que enfrentamos há décadas.
Nossa nação islâmica tem sentido
a mesma coisa há mais de 80 anos,
a humilhação e a desgraça, seus filhos são mortos e seu sangue é
derramado, suas santidades, dessacralizadas", disse Bin Laden.
Segundo a Al Jazeera, o videoteipe foi filmado "algum tempo"
depois de 11 de setembro.
Mohammed Qassem Halimi,
funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Taleban, disse à Al Jazeera que o Taleban havia proibido Bin Laden de dar declarações públicas até que os EUA
realizassem algum ataque.
"Agora, deixamos que ele expressasse o que estava em seu coração", disse Halimi.
Ayman Zawahiri, um dos principais membros da organização
de Bin Laden, a Al Qaeda (a base),
e líder do Jihad Islâmico egípcio,
apareceu no videoteipe e exortou
os muçulmanos a resistirem aos
EUA, dizendo que o ataque ao
Afeganistão era um ataque ao islã.
Zawahiri, que já foi julgado no
Egito e preso por três anos por sua
participação no assassinato do
presidente Anwar Sadat, em 1981,
também foi associado pelos EUA
a alguns dos suspeitos pelos ataques de 11 de setembro.
Bin Laden dirigiu grande parte
de seu fogo retórico a Israel. "Todos os dias vimos os tanques israelenses na Palestina, indo a Jenin, Ramallah, Beit Jalla e muitas
outras partes da terra do islã, e
não ouvimos ninguém levantando a voz ou reagindo", afirmou.
"Mas quando a espada caiu sobre a América depois de 80 anos, a
hipocrisia levantou sua cabeça lamentando pelos assassinos que
brincaram com o sangue, a honra
e as santidades do islã."
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