|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AFEGANISTÃO
Grupo extremista islâmico promete lutar até a última gota de sangue contra EUA
Taleban vê "ato terrorista" e diz que Bin Laden sobreviveu
DA REDAÇÃO
O embaixador do Taleban em
Islamabad (Paquistão), Abdul Salam Zaef, declarou na noite de ontem que Osama bin Laden, acusado de planejar os ataques de 11 de
setembro aos Estados Unidos, e o
mulá Mohammad Omar, líder do
regime islâmico, sobreviveram
aos ataques de ontem.
O embaixador do Taleban, milícia extremista islâmica que controla a maior parte do território
do Afeganistão, disse que, "graças
a Deus", ambos estavam vivos.
Em uma declaração divulgada
pouco depois do início da ofensiva norte-americana e britânica ao
Afeganistão, Zaef afirmou que seu
país era "vítima da arrogância
americana" e classificou os ataques de atos "terroristas" e "expansionistas".
"Esses ataques brutais são atos
terroristas tão horrendos quanto
quaisquer outros [atos terroristas" em qualquer outro lugar do
mundo", disse Zaef.
O embaixador do Taleban disse
ainda que "a América nunca atingirá seu objetivo político realizando ataques horrendos ao povo
muçulmano do Afeganistão".
O Taleban, disse Zaef, "sempre
escolheu o caminho do diálogo e
da razão para resolver os problemas, mas a América sempre escolheu a abordagem militarista".
Segundo ele, "uma atitute brutal
desse tipo unificará toda a nação
afegã contra a agressão".
Zaef terminou sua declaração
dizendo: "A nação afegã se levantará contra os novos colonialistas.
Condenamos essa ação terrorista
contra a nação do Afeganistão".
Segundo a agência de notícias
"AIP" (Afghan Islamic Press)", Zaef dissera mais cedo que o Taleban não podia
"entregar Osama bin Laden" aos
EUA.
"Esse é um ataque contra um
país independente. Lutaremos até
a última gota de sangue", afirmou
o embaixador do Taleban, de
acordo com a "AIP". "Os Estados Unidos serão considerados responsáveis pela matança de pobres cidadãos civis."
Ainda segundo a "AIP", um
porta-voz do Taleban, falando de
Candahar (Afeganistão), disse
que os ataques não haviam causado "danos significativos".
Proposta
Antes que Cabul e outras localidades afegãs começassem a ser
bombardeadas, o Taleban havia
ontem, mais uma vez, proposto
submeter Bin Laden a um tribunal islâmico, alternativa rejeitada
pelos EUA.
A proposta partiu de Zaef, que
tem sido um dos único porta-vozes de seu país nas últimas semanas.
Segundo o embaixador do Taleban, haveriam razões suficientes
para submeter Bin Laden a julgamento, caso os Estados Unidos
fornecessem provas definitivas
sobre seu envolvimento nos atos
terroristas de 11 de setembro.
"O primeiro passo que [o Taleban" deve dar é entregar Bin Laden e seus auxiliares", respondeu
um porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan. "Estamos no
momento de ação e não de palavras", acrescentou.
Segundo o porta-voz, o presidente Bush não mudou de opinião com relação às quatro exigências formuladas após os atentados de Washington e Nova
York, entre elas a de que o Taleban entregasse Bin Laden e fechasse os campos de treinamento
da Al Qaeda, organização terrorista por ele criada e mantida. Essas exigências, reiterou, não são
negociáveis.
Jornalista inglesa
Com o início dos bombardeios
contra o Afeganistão, que contaram com participação militar britânica, era incerta a intenção do
Taleban de libertar hoje, conforme prometera no sábado, a jornalista inglesa Yvonne Ridley, do
jornal dominical "Sunday Express".
Eram contraditórias as informações sobre a jornalista de 43
anos, presa em 28 de setembro
por ter entrado de forma ilegal no
Afeganistão e por supostamente
desenvolver "espionagem".
A agência oficial afegã citou ontem de manhã o Ministério da Informação, ao afirmar que Ridley
já tinha sido libertada. Mas o embaixador do Taleban no Afeganistão disse que ela ainda estava presa em Cabul.
Além da jornalista, outros oito
estrangeiros estão presos no país.
Dois norte-americanos, dois australianos e quatro alemães são
acusados pelo Taleban de terem
tentado difundir o cristianismo
no Afeganistão. De acordo com o
regime, a difusão de outra religião
no país, que não seja a islâmica, é
um crime e deve ser punida com a
pena de morte.
Mas, anteontem, o Taleban ofereceu a libertação dos oito estrangeiros em troca de os Estados
Unidos não atacarem o país. Os
norte-americanos não aceitaram.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Leia a íntegra do discurso de Osama Bin Laden divulgado pela Al Jazeera Próximo Texto: País estava em ruínas mesmo antes do ataque Índice
|