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SEGURANÇA
Governo diz que NY está em alerta máximo; bombeiros reforçam patrulhamento de ruas
Medo nos EUA
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Nova York voltou a viver um clima de pânico na tarde de ontem,
parecido com o que experimentou na manhã de 11 de setembro,
quando dois aviões atingiram as
torres do World Trade Center,
embora em menor escala.
Tão logo o telão da Bolsa eletrônica Nasdaq, na Times Square,
anunciou os primeiros ataques
dos Estados Unidos, as pessoas
correram para os telefones públicos.
Queriam se certificar de que os
parentes estavam bem. Foi o que
fez o professor Neil Handman, 58,
que veio de Washington para visitar a cidade no fim de semana.
"Nós esperávamos alguma reação
e apoiamos o ataque", disse à Folha. "Mas nem que eu minta para
mim mesmo vou me sentir seguro de novo em Nova York."
Já o paquistanês Amarjit Singh,
48, disse que teme por sua sorte.
"É uma tragédia dupla para
mim", falou à Folha. "Só quero
ter certeza de que meus amigos e
parentes que ficaram lá estão
bem". O taxista, que mora nos
EUA há 11 anos, planeja deixar a
cidade. "Foi a gota d"água."
"Vim para cá fugir da guerra",
disse Singh. "Cada vez que eu pago por um aluguel superfaturado,
por uma refeição superfaturada
nesta cidade, pensava que estava
pagando por minha liberdade, a
segurança de minha família e a
certeza de que a vida pode ser boa.
Tudo isso acabou."
Perto dos escombros do World
Trade Center, o aposentado Derome Bratvold soube pela reportagem da Folha o que tinha acontecido. "Adoraria dizer o que penso, mas francamente não confio
em mais ninguém", falou. "E isso
é muito, muito triste."
Mais segurança
Segundo o governo federal, a cidade está em estado de alerta máximo. Forças especiais de segurança e homens do Corpo de
Bombeiros já estão fazendo o reforço da segurança nas ruas de
Nova York, especialmente no sul
da ilha de Manhattan, onde ficava
o complexo de prédios do World
Trade Center.
O prefeito Rudolph Giuliani
exortou a população a voltar a ter
vida normal. "Nova York não está
sendo bombardeada", afirmou.
Mas confirmou que, apesar de
muitas medidas de segurança já
terem sido tomadas, outras tantas
virão nos próximos dias.
"Aumentaremos a segurança
como maneira de evitar um contra-ataque terrorista", disse o prefeito. "Nada, porém, que vá fazer
com que a cidade pare de funcionar como sempre." O primeiro
passo desta escalada foi implementado ontem mesmo.
Desde a manhã de domingo,
soldados da Guarda Nacional foram deslocados para os dois aeroportos da cidade, o JFK International e o La Guardia. A força está
agindo principalmente na área de
embarque e nas barreiras de segurança e raio-x.
O efetivo foi convocado pelo
presidente George W. Bush e vale
para o país todo. Só no Estado de
Nova York, 19 aeroportos receberam a Guarda Nacional, assim como o de Newark, na vizinha Nova
Jersey, considerado um dos de segurança mais falha.
Além disso, um efetivo extraordinário de policiais foi colocado
nas ruas de Nova York desde sábado, quando começou o fim-de-semana prolongado. Hoje, o país
comemora o Dia de Cristóvão Colombo.
Até a conclusão desta edição, o
tradicional desfile da Quinta Avenida estava confirmado para
acontecer, embora com policiamento extra.
Prédios chamados "sensíveis" e
locais de grande concentração de
pessoas estão sendo especialmente vigiados desde a manhã de ontem e barreiras policiais foram colocadas nas portas destes lugares,
informou a Prefeitura. "São edifícios federais e marcos da cidade",
disse Rudolph Giuliani.
Indagado se os nova-iorquinos
deveriam passar a andar com documentos de identificação, prática que não é exigida pela lei estadual, o prefeito disse que sim. E
avisou que a população deve reagir com tranquilidade a eventuais
evacuações de prédios. "As ameaças falsas devem aumentar", disse
Rudolph Giuliani.
Apoio
Segundo pesquisa realizada antes do ataque de ontem pelo Instituto de Pesquisas da Universidade de Quipinniac, a maioria dos
nova-iorquinos apoiava uma
ação militar dos Estados Unidos.
Cerca de 80% dos ouvidos eram
a favor do ataque, enquanto 11%
foram contra.
No entanto, cerca de 23% dos
pesquisados temem que o ataque
norte-americano vá motivar mais
atentados terroristas no país como resposta, enquanto 64% acreditam que novos atentados viriam de qualquer maneira.
O instituto de pesquisas da universidade nova-iorquina, principal referência nas eleições da cidade, ouviu 1.262 eleitores registrados no Estado de Nova York. A
margem de erro é de mais ou menos 2,8 pontos percentuais.
Fim do resgate
Ontem ainda, a última equipe
da Agência Federal de Controle
de Emergência (Fema, na sigla em
inglês) foi retirada dos escombros
do World Trade Center. Isso significa que a operação no local deixou de ser oficialmente de resgate
de sobreviventes e passou a ser de
busca de restos humanos.
Os 62 membros da Fema voltaram para sua base, na Califórnia,
logo pela manhã.
"O local agora está sob total
controle da polícia e do corpo de
bombeiros de Nova York", disse a
assessora da Fema, Anne-Marie
Jensen.
Segundo os últimos números
divulgados pela prefeitura, há
4,979 pessoas desaparecidas e 393
corpos encontrados, 335 dos
quais já identificados.
Emmy
Pela primeira vez desde sua
criação, há 53 anos, o Emmy não
será entregue nos EUA. Os vencedores do principal prêmio da TV
norte-americana seriam conhecidos ontem, em Los Angeles (na
foto, entrada do Shrine Auditorium) e Nova York, em cerimônias transmitidas ao vivo, inclusive para o Brasil, pelo canal pago
Sony. Marcada para 16 de setembro, a festa já havia sido adiada
após os atentados terroristas do
dia 11. A premiação foi cancelada
por causa do ataque ao Afeganistão. O site do Emmy na internet é
www.emmys.tv
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