São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2001

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Por precaução, vice-presidente deixa Washington

MARCIO AITH

DE WASHINGTON

O passeio da família Foster pelo centro de Washington acabou no começo da tarde, quando seus integrantes, um pai e duas crianças, souberam do ataque militar ao Afeganistão e da decisão da Casa Branca de levar o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, para um lugar secreto e seguro como medida de precaução.
"Se Cheney não se sente seguro na Casa Branca, os Foster não ficarão por aqui esperando outro atentado terrorista", disse à Folha Paul, ao cancelar passeio que fariam a museus, à Casa Branca e ao Congresso.
Mesmo os que não souberam imediatamente do ataque perceberam, pela movimentação policial e de helicópteros, que alguma coisa estava ocorrendo.
Pouco antes de forças norte-americanas e inglesas atacarem alvos no Afeganistão, o governo decidiu fechar algumas ruas em frente ao Departamento de Estado e ao redor da Casa Branca.
A decisão de levar Cheney para um lugar secreto, a terceira vez desde 11 de setembro, teve como objetivo evitar que uma eventual retaliação terrorista eliminasse, ao mesmo tempo, a vida dos dois primeiros homens na linha do comando do país.
Bush permaneceu na Casa Branca, de onde fez um pronunciamento à nação que havia ensaiado no sábado.
De seu escritório, não deve ter visto um grupo de cinco pessoas que, a dois quarteirões, protestava em círculos e pedia, com cantos pacifistas, que o governo "lance comida e não bombas" sobre o Afeganistão.
Mesmo antes do ataque, o movimento no centro da capital norte-americana foi menor que o de outros domingos.
Quem ligou a TV pela manhã ouviu senadores apelando à população que se preparassem para "mais perigo" e para "prováveis novos ataques terroristas" assim que a ofensiva começasse.
Os senadores foram avisados do ataque no sábado pela Casa Branca, que também os alertou da "grande possibilidade" de novos ataques terroristas.
Pouco antes dos ataques de ontem, o porta-voz da presidência, Ari Fleischer, alertara a população para a possibilidade de novos atentados em território norte-americano.
"A população norte-americana precisa estar em alerta. Ameaças permanecem, e o governo está tomando as medidas de precaução. É a guerra."
Uma passeata anual realizada ontem de manhã em favor das vítimas da Aids, evento que já registrou 30 mil pessoas em anos anteriores, reuniu um público de somente 3.000 manifestantes.
Logo depois dos ataque, o FBI colocou seus agentes em todo o país em "alerta máximo". Em Washington, membros da Guarda Nacional foram mobilizados para patrulhar a cidade.
Nos últimos dias, policiais foram vistos revirando lixos dentro de estações de metrô e fiscalizando carros estacionados em locais suspeitos.
Os EUA não estão em pânico, mas com muito medo de novos ataques terroristas na cidade por parte de grupos terroristas.
Várias capitais do país determinaram o encerramento de visitas públicas a prédios oficiais.
No momento em que os ataques ocorreram, vários jogos de beisebol e de futebol americano ocorriam no país. Em mais de um estádio, os torcedores gritaram "USA, USA!" ao serem informados da operação militar por telões. Em Baltimore, a cerca de 100 quilômetros de Washington, dois jatos sobrevoaram o estádio onde os times de futebol Baltimore Ravens e Tennessee Titans realizavam uma partida.
"Determinei alerta máximo no Estado e enviamos um número recorde de policiais para esse evento esportivo e para todos os outros que ocorreram", disse o governador do Estado, Parris Glendenning.
Foi do aeroporto de Baltimore que saiu um dos quatro aviões sequestrados no dia 11 de setembro. "Apelamos à população que não use seus carros para ir a estádios e que esteja sempre alerta".


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