São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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"Prêmio reconhece papel das mulheres na revolução", diz ativista

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Protagonista das revoltas árabes que também havia sido indicada ao Nobel da Paz, a egípcia Asmaa Mahfouz diz não ter se decepcionado com a concessão do prêmio à iemenita Tawakkul Karman.
"É muito bom para todas nós, porque reconhece o papel das mulheres na revolução", disse à Folha.
Asmaa, 26, está entre os fundadores, em 2008, do Movimento 6 de Abril, criado inicialmente para apoiar greves de trabalhadores têxteis e que teve papel fundamental nos protestos contra o regime de Hosni Mubarak, deposto em fevereiro passado.
Ela ficou famosa ao divulgar um vídeo em que denunciava a tortura de ativistas e convocava a primeira manifestação na praça Tahrir, no Cairo, em 25 de janeiro.

 

Folha - Você estava entre os candidatos, mas o Nobel foi para outras. É uma decepção?
Asmaa Mahfouz -
Não. Estou muito feliz e orgulhosa. Tawakkul é corajosa, representante da revolução árabe, e isso é muito bom para todas nós, pois reconhece o papel das mulheres na revolução. O movimento significou que não somos fracas, que temos poder para lutar não só pelos direitos das mulheres, mas de todo o povo.

Por que o prêmio não foi para pessoas da Tunísia e do Egito, onde tudo começou?
Não sei, mas pode ser porque não há um só herói da nossa revolução. Todos os egípcios são heróis.

Você chegou a ser processada num tribunal militar. Como está a situação agora no Egito?
Estou numa grande batalha contra o SCAF (Conselho Supremo das Forças Armadas, a junta provisória), que age como uma extensão do regime de Mubarak. Vou continuar nessa batalha até conseguirmos a liberdade.
Estamos perto das eleições para a Assembleia Nacional, e o processo é muito ruim. Não temos uma imprensa completamente livre, não há observadores internacionais, e o tempo é muito pequeno para a campanha. Nossa revolução não acabou.

O Movimento 6 de Abril vai participar das eleições?
Eles vão participar da fiscalização e da convocação dos eleitores. Estou pensando em me candidatar como independente, mas estamos pressionando o SCAF a mudar o sistema eleitoral.


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