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CHINA
Com veto a manifestações, partido começa seu 16º Congresso em Pequim que deve marcar saída de Jiang da liderança
PC renova líderes e quer atrair capitalistas
DA REDAÇÃO
Preparando-se para um Congresso histórico que deverá instalar uma nova geração de líderes, o
Partido Comunista chinês prometeu ontem atualizar-se para
não se deixar superar pela sociedade chinesa, cada vez mais capitalista. ""A China ingressou numa
nova fase de desenvolvimento, na
qual vamos construir uma sociedade próspera", disse Ji Bingxuan, porta-voz do 16º Congresso
Nacional do Partido Comunista,
que começa hoje em Pequim.
Dentro do clima de sigilo e forte
segurança, Ji não forneceu detalhes das mudanças planejadas. A
expectativa é que o presidente
Jiang Zemin, 76, entregue o título
de líder partidário a seu vice, Hu
Jintao, 59. Mas indicou que um
dos temas fundamentais do Congresso será a campanha de Jiang
para atrair empresários para o
partido e modificar seus estatutos
para que eles possam exercer um
papel formal na instituição.
Jiang foi escolhido para liderar o
PC em 1989 pelo então líder Deng
Xiaoping, que havia lançado as
reformas de mercado em 1979.
A campanha do presidente visa
conservar a relevância do partido
que ainda se auto-intitula ""a vanguarda da classe trabalhadora" e
manter o controle dele sobre uma
sociedade na qual as reformas
vêm provocando transformações
espantosas. Algumas pessoas na
China enriqueceram, mas muitas
ainda enfrentam turbulências e
incerteza, na medida em que o setor industrial estatal enxuga postos de trabalho para manter-se ou
tornar-se competitivo.
Ji defendeu a decisão de dar as
boas-vindas aos empreendedores, dizendo que, em lugar de enfraquecer o zelo revolucionário
do PC, eles o fortalecerão. "Trabalhadores, camponeses, intelectuais, nossos homens e mulheres
de uniforme -eles ainda constituem a espinha dorsal do Partido
Comunista. Mas (a abertura aos
empreendedores) irá aumentar
ainda mais a influência e a coesão
do partido em toda a sociedade."
Os preparativos para o Congresso incluíram maior segurança
na capital e veto a qualquer manifestação de rua. De acordo com
funcionários de quatro hotéis
consultados, os hotéis de Pequim
receberam ordens para não aceitar hóspedes tibetanos nem muçulmanos uigures do turbulento
nordeste do país.
Mesmo assim, ativistas aproveitaram o evento para lançar um
apelo por mudanças políticas. Em
carta aberta divulgada nesta semana, um grupo de 192 dissidentes internos exortou os delegados
do Congresso a libertar os prisioneiros políticos e ampliar as eleições diretas. "As melhoras no desenvolvimento econômico não
podem cobrir os problemas cada
vez mais evidentes de profundo
perigo social", disseram.
Leituras vermelhas
A imprensa estatal vem evitando mencionar assuntos ligados à
segurança ou a conflitos ideológicos, optando, em lugar disso, por
cobrir de elogios o partido e os
preparativos para o evento. A
agência oficial de notícias Xinhua
relatou a disseminação pela capital de uma "febre de leituras vermelhas", dizendo que o público
vem comprando publicações comunistas em grande número. Os
cinemas estão exibindo filmes comunistas. "Estudantes universitários adoram estudar a história do
partido", entusiasmou-se o jornal
"Diário da Juventude".
O porta-voz Ji enfatizou o que
descreveu como as qualidades
"democráticas socialistas" do
evento. Disse que os delegados foram escolhidos por membros do
partido por meio de eleições competitivas, com voto secreto. Também falou vagamente sobre planos para uma "restruturação política", embora tenha manifestado
desprezo em relação aos sistemas
ocidentais. "De forma alguma vamos simplesmente copiar o sistema político do Ocidente. Vamos
focalizar o fortalecimento do sistema democrático socialista."
Com agências internacionais
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