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COLÔMBIA
Gilberto Orejuela estava prestes a sair da prisão; "é terrível", diz governo
Juíza libera chefe do cartel de Cali
DA REDAÇÃO
O narcotraficante colombiano
Gilberto Rodríguez Orejuela, chefe do antigo cartel de Cali, estava
ontem prestes a ser colocado em
liberdade após cumprir apenas
sete dos 15 anos de prisão a que
havia sido condenado, apesar dos
protestos internos e externos.
A rádio RCN, que chegou a divulgar sua saída da prisão, disse
depois que ele ainda teria de passar por "exames médicos e psiquiátricos". Até as 17h (19h em
Brasília) ele permanecia preso.
O anúncio de sua libertação gerou revolta no governo colombiano, que acusou a Justiça de corrupção e iniciou uma batalha legal
para tentar mantê-lo preso. As
ações do governo levaram a Suprema Corte do país a denunciar
uma tentativa de interferência na
Justiça por parte do Executivo.
Gilberto Rodríguez Orejuela e
seu irmão Miguel, inimigos do
cartel de Medellín, liderado por
Pablo Escobar (morto em 1992),
chegaram a controlar 80% do comércio mundial de cocaína. A prisão dos dois, em 1995, foi considerada uma das maiores vitórias do
país no combate ao narcotráfico.
"É terrível, terrível, terrível. Este
é um momento de pesar, de dor
para a imagem da nação, para o
sistema de Justiça da Colômbia",
afirmou o ministro da Justiça e do
Interior, Fernando Londoño.
O governo dos EUA, que financia o Plano Colômbia de combate
ao narcotráfico, com mais de US$
1,3 bilhão, lamentou a soltura do
ex-chefe do cartel de Cali, mas
disse que a ajuda americana ao
país será mantida.
"Lamentamos muito a decisão,
mas entendemos que é uma questão jurídica dentro do país e que o
governo fez todo o possível para
tentar evitar a libertação", afirmou Francisco Fernández, conselheiro político da Embaixada dos
EUA em Bogotá.
Os EUA pediram em 1997 a extradição dos irmãos Rodríguez
Orejuela, mas ela foi negada pela
Justiça colombiana por causa do
processo contra eles em andamento no país.
A libertação de Gilberto Rodríguez Orejuela foi ordenada pela
juíza Luz Angela Moncada, que
concedeu, de madrugada, um habeas corpus por "prolongamento
ilegal da privação de liberdade".
Na sexta-feira passada, um outro juiz havia autorizado a libertação de Gilberto e de Miguel, ambos detidos na penitenciária de
segurança máxima de Cómbita,
na cidade de Tunja (a 160 km de
Bogotá), por bom comportamento e por terem cumprido um programa de estudos na prisão.
Miguel não foi libertado ontem
por ter uma outra condenação
por corromper um juiz.
O presidente Álvaro Uribe, que
assumiu há três meses prometendo linha dura contra o narcotráfico e contra os grupos armados ilegais, pediu à Justiça que procurasse acusações pendentes contra
eles para mantê-los presos. Para
Uribe, a "dignidade nacional" está em questão. Ele disse que prefere ser chamado de "arbitrário" a
ser considerado "frouxo".
As atitudes levaram a Suprema
Corte a acusar, na terça-feira, o
governo de pressionar a Justiça e
de violar a separação dos Poderes.
O fim do cartel de Cali, com a
prisão dos irmãos Rodríguez Orejuela, não serviu para reduzir o
comércio da cocaína. Os grandes
cartéis, com ações ostensivas e líderes mundialmente famosos,
deram lugar a "minicartéis", dispersos e anônimos, cujo combate
é mais difícil. Além disso, guerrilheiros de esquerda e paramilitares de direita, que sustentam uma
guerra civil com quatro décadas
de duração, estão envolvidos com
o tráfico, por meio do qual financiam suas ações armadas.
Com agências internacionais
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