RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisa feita em 46 países pelo instituto Gallup International revela que o Legislativo e grandes empresas nacionais e multinacionais são as entidades nas quais as pessoas menos confiam.
O levantamento "Voice of the People 2002" (voz do povo) será utilizado pelo Fórum Econômico Mundial no encontro de Davos, na Suíça, em janeiro, que terá a "confiança" como tema principal.
Forças Armadas e organizações não-governamentais são as instituições que melhor defendem os interesses da sociedade, segundo a maioria dos entrevistados.
A pesquisa ouviu 34 mil pessoas entre julho e setembro. Segundo o Gallup, a amostra representa a opinião de 1,4 bilhão de pessoas.
"Está claro que é preciso tomar uma atitude para retomar o contrato social entre cidadãos, suas instituições e líderes", disse Michel Ogrizek, diretor de Comunicações do Fórum Econômico Mundial, que reúne a elite econômica e política internacional.
De acordo com o Gallup, a boa colocação das Forças Armadas foi influenciada pelos dados obtidos em países que enfrentam conflitos ou estão em "guerra contra o terrorismo" desde os atentados de 11 de setembro, como os EUA.
No caso de Parlamentos e Congressos, 51% dos ouvidos disseram ter pouca ou nenhuma confiança na ação dessas instituições em defesa dos interesses da sociedade, contra 38% que afirmaram ter alguma ou muita confiança.
Na classificação geral da pesquisa, o Legislativo ficou em último lugar. No ranking dos menos confiáveis, é seguido de perto pelas grandes empresas nacionais, pelas empresas multinacionais, pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pela Justiça.
A confiança dos brasileiros no Congresso Nacional é menor do que a já baixa média mundial -33% dos entrevistados brasileiros disseram ter muita ou alguma confiança nessa instituição.
Igrejas e grupos religiosos são as instituições nas quais os brasileiros mais confiam. Governo, polícia, Congresso e FMI são as menos confiáveis, segundo os dados.
Nos entrevistados no país, 65% disseram ter muita ou alguma confiança na ação dos grupos religiosos e igrejas, contra 33% que disseram ter pouca ou nenhuma confiança. Em seguida vieram as ONGs, nas quais 61% confiam.
Em resposta à pergunta "O sr. diria que o Brasil é governado pela vontade do povo?", 83% dos entrevistados disseram que não.


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