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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Testemunhas dizem que o Black Hawk foi abatido; incidente é o terceiro do tipo em menos de duas semanas

EUA perdem outro helicóptero e 7 soldados

France Presse
Em Bagdá, acaba o 12º dia do Ramadã, mês sagrado do islã, quando os EUA esperam hostilidades


DA REDAÇÃO

Seis soldados americanos morreram ontem no Iraque quando o helicóptero em que estavam, um Black Hawk, caiu na região de Tikrit (noroeste), possivelmente abatido por uma granada-foguete. É o terceiro incidente do tipo em menos de duas semanas.
No domingo, um Chinook fora abatido perto de Fallujah (oeste), deixando 16 soldados mortos -o último deles morreu ontem, num hospital. Outro Black Hawk fora alvejado em 25 de outubro também em Tikrit, sem deixar baixas.
Os constantes ataques estão levando os pilotos americanos a rever estratégias de vôo e tomar medidas defensivas, como variar rotas e voar baixo e mais rápido.
Embora o incidente de ontem ainda esteja sob investigação, testemunhas afirmam que a aeronave foi abatida pela resistência -versão considerada "provável" pelos militares americanos.
Soldados que estavam perto do local disseram ter ouvido duas explosões após a queda do helicóptero, que pegou fogo e não deixou sobreviventes.
Após o incidente, os americanos restabeleceram o toque de recolher em Tikrit. A medida vai vigorar a partir das 23h durante todo o Ramadã (mês sagrado islâmico). A cidade, onde o ex-ditador Saddam Hussein foi criado, fica no Triângulo Sunita, bastião da resistência iraquiana que inclui pólos de tensão como Fallujah.
Mais ao norte, em Mossul, um soldado americano foi morto em uma emboscada com granadas-foguetes, elevando para 142 as baixas dos EUA em ataques nos pouco mais de seis meses de pós-guerra -os mortos no helicóptero ainda não estão no saldo.
A cidade, até poucas semanas considerada uma das mais tranquilas do país, vive um surto de violência. "Os ataques em Mossul aumentaram, e, o que é mais importante, seus efeitos têm sido maiores", disse o sargento Kelly Tyler, que serve na região.
Segundo o Pentágono, a média de ataques diários no Iraque caiu de 35 na semana passada para 29 na atual. Em contrapartida, nenhuma semana foi tão fatal para os EUA, que, entre ataques e acidentes nos últimos sete dias, perderam 32 soldados no país.
Por meio do porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, o presidente George W. Bush se disse "entristecido" pelas mortes.
"Mas a causa em que [os soldados] estão envolvidos é importante. Ela está fazendo do mundo um lugar melhor e mais seguro", disse McClellan.

Apoio a Bush
A escalada de baixas tem levado um número maior de americanos a questionar a decisão de ir à guerra -uma pesquisa recente mostrou que 39% deles vêem o ataque ao Iraque como um erro.
O percentual não só é o mesmo obtido durante o governo Lyndon Johnson, em 1967, em razão da Guerra do Vietnã, como resulta de uma trajetória semelhante de queda de apoio -só que ainda mais rápida. Desde abril, o apoio à performance de Bush na questão iraquiana caiu cerca de 35 pontos em uma pesquisa do Gallup para a TV CNN e o jornal "USA Today". Johnson demorou dois anos para perder 25 pontos de apoio na questão do Vietnã.
A explicação dada por cientistas políticos é que, embora no Vietnã tenham morrido mais de 50 mil americanos, hoje a imprensa aproxima o público da violência no campo de batalha.

Com agências internacionais

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