São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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ELEIÇÕES NOS EUA/ PRIMEIROS RESULTADOS

Democratas saem na frente em projeções

Seis em cada dez eleitores criticam Bush, diz pesquisa de boca-de-urna; corrupção é maior preocupação de quem votou

Oposição democrata deve tomar dos republicanos governos de Ohio e Massachusetts e duas cadeiras do Senado

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Segundo as primeiras projeções das eleições que decidirão o controle do Congresso dos EUA, os democratas saíam na frente, até a conclusão desta edição. Na Câmara dos Representantes, Brad Ellsworth (Indiana) conseguiu o primeiro ganho de assento para a oposição. No Senado, o mesmo ocorreu em Ohio e na Pensilvânia e, em Vermont, foi eleito o socialista Bernie Sanders, que diz que votará com os democratas.
O governo de Ohio deve ir vai para um democrata (Ted Strickland) pela primeira vez em 16 anos e, em Massachusstes, um democrata negro (Deval Patrick) assume o posto pela primeira vez. Duas propostas do partido que previam aumento do salário mínimo, no Missouri e em Ohio, foram aprovadas pelos eleitores, sempre segundo as projeções.
Mantinham seus assentos os senadores democratas Robert Byrd (Virgínia do Oeste), Ted Kennedy (Massachusetts), Bob Menendez (Nova Jersey) e Bill Nelson (Flórida), que derrotou Katherine Harris, apoiada pelos irmãos Bush.
Nas eleições de ontem, estavam em jogo as 435 vagas da Câmara e 33 das cem do Senado, além de 36 governos estaduais. Para ter maioria na Câmara, os democratas precisam ganhar 15 vagas; para dominarem o Senado, precisariam de seis vagas além das 44 de hoje, tarefa considerada mais difícil.
De acordo com pesquisa preliminar de boca-de-urna feita por um consórcio de emissoras, seis em cada dez pessoas ouvidas ao deixar a votação eram críticas ao governo do republicano George W. Bush. O índice pode ser um indicativo do humor favorável aos democratas nas eleições.
Cerca de 40% dos ouvidos aprovam o trabalho do presidente, ante 53% em pesquisa semelhante feita nas eleições presidenciais de 2004, que deram a reeleição a Bush, e 67% nas eleições legislativas de 2002, que deram maioria aos republicanos. A maneira como a Guerra do Iraque está sendo conduzida foi criticada por 60% dos ouvidos.
De acordo com a mesma pesquisa de boca-de-urna, temas nacionais eram a preocupação para a maioria, 62%, ante 33% que disseram que assuntos locais influenciaram seu voto. Dos ouvidos, 42% citaram a corrupção como um tema "extremamente importante" na hora de votar, ante 40% que mencionaram o terrorismo, 39%, a economia, e 37%, a Guerra do Iraque.
O presidente Bush votou com a mulher, Laura, no Corpo de Bombeiros de Crawford, no Texas, onde tem um rancho. Com o slogan "Eu Votei" aplicado em seu casaco, o republicano disse: "Nosso governo é tão bom quanto a vontade do nosso povo em participar".
Em Chappaqua, em Nova York, a democrata Hillary Clinton brincou: "Votei pela mudança, menos a minha". Ela concorre à reeleição pelo Senado, e está virtualmente eleita.
Não importa qual o partido que comandará o Legislativo norte-americano, o próximo Congresso deverá ser centrista, segundo Thomas E. Mann, do Instituto Brookings, de Washington, e estudioso dos Congressos norte-americanos.
Os republicanos são maioria tanto no Senado quanto na Câmara desde o começo dos anos 90, com uma breve interrupção de menos de um ano na primeira Casa. Desde 11 de Setembro, a minoria democrata, com raras exceções, aprovou em peso ambas as invasões propostas por George W. Bush (Afeganistão, em 2001, e Iraque, em 2003), além de leis que aumentam os poderes presidenciais.
Seja quem tiver o comando, acredita Thomas E. Mann, o partido que for maioria terá de fazer mais compromissos com a minoria e não poderá legislar sozinho. "Este Congresso abdicou de sua responsabilidade de contrabalançar os poderes do Executivo e de se envolver em legislação séria, produtiva e informada", disse Mann.


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