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ELEIÇÕES NOS EUA/ PRIMEIROS RESULTADOS
Democratas saem na frente em projeções
Seis em cada dez eleitores criticam Bush, diz pesquisa de boca-de-urna; corrupção é maior preocupação de quem votou
Oposição democrata deve tomar dos republicanos governos de Ohio e Massachusetts e duas cadeiras do Senado
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Segundo as primeiras projeções das eleições que decidirão
o controle do Congresso dos
EUA, os democratas saíam na
frente, até a conclusão desta
edição. Na Câmara dos Representantes, Brad Ellsworth (Indiana) conseguiu o primeiro
ganho de assento para a oposição. No Senado, o mesmo ocorreu em Ohio e na Pensilvânia e,
em Vermont, foi eleito o socialista Bernie Sanders, que diz
que votará com os democratas.
O governo de Ohio deve ir vai
para um democrata (Ted Strickland) pela primeira vez em 16
anos e, em Massachusstes, um
democrata negro (Deval Patrick) assume o posto pela primeira vez. Duas propostas do
partido que previam aumento
do salário mínimo, no Missouri
e em Ohio, foram aprovadas pelos eleitores, sempre segundo
as projeções.
Mantinham seus assentos os
senadores democratas Robert
Byrd (Virgínia do Oeste), Ted
Kennedy (Massachusetts), Bob
Menendez (Nova Jersey) e Bill
Nelson (Flórida), que derrotou
Katherine Harris, apoiada pelos irmãos Bush.
Nas eleições de ontem, estavam em jogo as 435 vagas da
Câmara e 33 das cem do Senado, além de 36 governos estaduais. Para ter maioria na Câmara, os democratas precisam
ganhar 15 vagas; para dominarem o Senado, precisariam de
seis vagas além das 44 de hoje,
tarefa considerada mais difícil.
De acordo com pesquisa preliminar de boca-de-urna feita
por um consórcio de emissoras,
seis em cada dez pessoas ouvidas ao deixar a votação eram
críticas ao governo do republicano George W. Bush. O índice
pode ser um indicativo do humor favorável aos democratas
nas eleições.
Cerca de 40% dos ouvidos
aprovam o trabalho do presidente, ante 53% em pesquisa
semelhante feita nas eleições
presidenciais de 2004, que deram a reeleição a Bush, e 67%
nas eleições legislativas de
2002, que deram maioria aos
republicanos. A maneira como
a Guerra do Iraque está sendo
conduzida foi criticada por
60% dos ouvidos.
De acordo com a mesma pesquisa de boca-de-urna, temas
nacionais eram a preocupação
para a maioria, 62%, ante 33%
que disseram que assuntos locais influenciaram seu voto.
Dos ouvidos, 42% citaram a
corrupção como um tema "extremamente importante" na
hora de votar, ante 40% que
mencionaram o terrorismo,
39%, a economia, e 37%, a
Guerra do Iraque.
O presidente Bush votou
com a mulher, Laura, no Corpo
de Bombeiros de Crawford, no
Texas, onde tem um rancho.
Com o slogan "Eu Votei" aplicado em seu casaco, o republicano disse: "Nosso governo é
tão bom quanto a vontade do
nosso povo em participar".
Em Chappaqua, em Nova
York, a democrata Hillary Clinton brincou: "Votei pela mudança, menos a minha". Ela
concorre à reeleição pelo Senado, e está virtualmente eleita.
Não importa qual o partido
que comandará o Legislativo
norte-americano, o próximo
Congresso deverá ser centrista,
segundo Thomas E. Mann, do
Instituto Brookings, de Washington, e estudioso dos Congressos norte-americanos.
Os republicanos são maioria
tanto no Senado quanto na Câmara desde o começo dos anos
90, com uma breve interrupção
de menos de um ano na primeira Casa. Desde 11 de Setembro,
a minoria democrata, com raras exceções, aprovou em peso
ambas as invasões propostas
por George W. Bush (Afeganistão, em 2001, e Iraque, em
2003), além de leis que aumentam os poderes presidenciais.
Seja quem tiver o comando,
acredita Thomas E. Mann, o
partido que for maioria terá de
fazer mais compromissos com
a minoria e não poderá legislar
sozinho. "Este Congresso abdicou de sua responsabilidade de
contrabalançar os poderes do
Executivo e de se envolver em
legislação séria, produtiva e informada", disse Mann.
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