São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Geórgia reprime protestos e impõe estado de exceção

Presidente pró-EUA culpa Kremlin por manifestações

DA REDAÇÃO

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, decretou ontem estado de emergência por 15 dias no país, o principal aliado dos EUA no Cáucaso.
A ação do presidente é uma resposta ao sexto dia de protestos contra seu governo, o qual foi marcado por confrontos entre policiais e manifestantes na capital, Tbilisi. A polícia também invadiu uma rede de TV oposicionista, que saiu do ar.
Saakashvili acusou a Rússia de orquestrar os protestos e expulsou três diplomatas do país, chamando de volta seu embaixador em Moscou. A Rússia é impopular na Geórgia devido às décadas de domínio soviético e por seu apoio aos separatistas da Abkhazia e da Ossétia do Sul, duas regiões que o governo georgiano não consegue controlar.
Ainda ontem, antes de decretado o estado de emergência, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra milhares de manifestantes em Tbilisi. A operação policial sublinha a intensidade do desafio ao governo e à reputação do presidente Mikhail Saakashvili, que subiu ao poder depois de uma onda de protestos pacíficos, em 2003. A oposição o acusa de comandar um governo centralizador, intolerante e solapado por corrupção e por abusos da polícia e da Justiça.
Os líderes oposicionistas classificaram a ação policial como repressão e conclamaram os georgianos a sair de novo às ruas. O governo alegou que os manifestantes não estavam sendo completamente pacíficos. Os protestos começaram na sexta-feira exigindo eleições legislativas antecipadas e outras medidas de relaxamento do que eles vêem como domínio centralizado do governo. Mas depois que Saakashvili os ignorou por quase três dias, os manifestantes passaram a exigir sua renúncia.
Embora as condições econômicas tenham melhorado no atual governo, a Geórgia continua sentindo os efeitos do desemprego e da pobreza.
Saakashvili, um advogado que se formou na Universidade Columbia, em Nova York, e seu partido, o Movimento Nacional, emendaram a Constituição no ano passado para prorrogar os mandatos dos legisladores até o final de 2008, encurtando o mandato presidencial para que se encerre na mesma data.
O governo afirma que a Rússia, cujas eleições presidenciais acontecerão no segundo trimestre, poderia tentar semear a inquietação na Geórgia. A oposição afirma que o presidente e seu partido querem concentrar recursos em uma campanha conjunta.


Com o "New York Times" e agências internacionais


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