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Geórgia reprime protestos e impõe estado de exceção
Presidente pró-EUA culpa Kremlin por manifestações
DA REDAÇÃO
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, decretou ontem estado de emergência por
15 dias no país, o principal aliado dos EUA no Cáucaso.
A ação do presidente é uma
resposta ao sexto dia de protestos contra seu governo, o qual
foi marcado por confrontos entre policiais e manifestantes na
capital, Tbilisi. A polícia também invadiu uma rede de TV
oposicionista, que saiu do ar.
Saakashvili acusou a Rússia
de orquestrar os protestos e expulsou três diplomatas do país,
chamando de volta seu embaixador em Moscou. A Rússia é
impopular na Geórgia devido
às décadas de domínio soviético e por seu apoio aos separatistas da Abkhazia e da Ossétia
do Sul, duas regiões que o governo georgiano não consegue
controlar.
Ainda ontem, antes de decretado o estado de emergência, a
polícia usou gás lacrimogêneo e
canhões de água contra milhares de manifestantes em Tbilisi. A operação policial sublinha
a intensidade do desafio ao governo e à reputação do presidente Mikhail Saakashvili, que
subiu ao poder depois de uma
onda de protestos pacíficos, em
2003. A oposição o acusa de comandar um governo centralizador, intolerante e solapado
por corrupção e por abusos da
polícia e da Justiça.
Os líderes oposicionistas
classificaram a ação policial como repressão e conclamaram
os georgianos a sair de novo às
ruas. O governo alegou que os
manifestantes não estavam
sendo completamente pacíficos. Os protestos começaram
na sexta-feira exigindo eleições
legislativas antecipadas e outras medidas de relaxamento
do que eles vêem como domínio centralizado do governo.
Mas depois que Saakashvili os
ignorou por quase três dias, os
manifestantes passaram a exigir sua renúncia.
Embora as condições econômicas tenham melhorado no
atual governo, a Geórgia continua sentindo os efeitos do desemprego e da pobreza.
Saakashvili, um advogado
que se formou na Universidade
Columbia, em Nova York, e seu
partido, o Movimento Nacional, emendaram a Constituição
no ano passado para prorrogar
os mandatos dos legisladores
até o final de 2008, encurtando
o mandato presidencial para
que se encerre na mesma data.
O governo afirma que a Rússia, cujas eleições presidenciais
acontecerão no segundo trimestre, poderia tentar semear
a inquietação na Geórgia. A
oposição afirma que o presidente e seu partido querem
concentrar recursos em uma
campanha conjunta.
Com o "New York Times" e agências internacionais
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