São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Relatório pede governo com mais autoridade e economia forte

CIA prevê piora do cenário no Iraque

DA REDAÇÃO

O chefe da CIA no Iraque escreveu um relatório secreto afirmando que é necessário um governo com mais autoridade e uma economia mais forte para evitar uma deterioração na situação do país, com um aumento na violência.
A situação no Iraque piorou e, segundo o relatório, não deve haver melhora em breve.
O relatório foi obtido pelo "New York Times". Sua distribuição para autoridades americanas ocorreu no fim de novembro, disse uma autoridade ao jornal -o nome do chefe da CIA não foi divulgado por questões de segurança.
O relatório também traz uma boa notícia: o governo interino iraquiano está se organizando e goza de mais legitimidade aos olhos do público do que o Conselho de Governo Iraquiano, que foi apontado pelos EUA.
Já a notícia ruim é que as forças de segurança do Iraque, que foram compostas para assumir o controle da segurança -que ainda está a cargo dos americanos-, estão melhorando, mas não rápido o suficiente para evitar um crescimento da insurgência.
De acordo com o relatório, será crítica a participação da população sunita nas eleições gerais de 30 de janeiro.
Os sunitas são minoritários no país, mas controlavam o governo durante o regime do ex-ditador Saddam Hussein. A maioria da população iraquiana é xiita -que deve assumir o controle do poder após a votação.
Caso os sunitas não participem do pleito, a violência tende a aumentar, com choques sectários.
Autoridades americanas e iraquianas temem que um boicote dos sunitas, defendido por vários grupos que representam essa corrente do islamismo, minará a legitimidade do futuro governo.
John Negroponte, embaixador dos EUA e principal autoridade civil americana em Bagdá, discorda de alguns pontos do relatório e afirma ter uma visão mais positiva das forças iraquianas.

Violência
Homens armados atacaram duas igrejas em Mossul (norte do Iraque), elevando os temores de choques étnicos e sectários no Iraque conforme se aproximar a eleição do próximo mês.
Pelo menos quatro membros da Guarda Nacional do Iraque foram mortos ontem em dois incidentes separados. Os ataques contra forças iraquianas que colaboram com a coalizão militar liderada pelos EUA aumentaram nos últimos dias.

Bush e Putin
Nos EUA, o presidente George W. Bush, em discurso para levantar o moral das tropas, fez um discurso cauteloso em relação às ações das tropas iraquianas que trabalham ao lado dos americanos. "Algumas unidades iraquianas estão tendo uma performance melhor do que outras. Alguns iraquianos foram intimidados pelos insurgentes e deixaram o serviço [militar] que ajuda o país", disse.
Em Moscou, o premiê iraquiano, Iyad Allawi, se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin. O líder da Rússia, oponente da ocupação americana, disse: "Não posso imaginar como eleições podem ser organizadas em um país ocupado por tropas estrangeiras".


Com agências internacionais


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