São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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EUA veem "boa notícia" em detenção

Porta-voz do Departamento de Estado afirma, porém, que caso, nesta etapa, é entre a Suécia e o Reino Unido

Washington mantém investigação sobre vazamentos; Visa e MasterCard suspendem pagamentos ao site

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Apesar de a prisão de Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, nada ter a ver com o vazamento de documentos secretos dos EUA, o país aplaudiu ontem a atitude da polícia britânica.
Em viagem ao Afeganistão, o secretário da Defesa, Robert Gates, recebeu a notícia da prisão por meio de repórteres. "Não tinha ouvido isso, mas me soa como uma boa notícia", respondeu.
O porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, ressaltou que a prisão é, "nesta etapa, um assunto entre o Reino Unido e a Suécia", país que emitiu o mandado de prisão.
"Nossa investigação continua", mas Washington não está envolvida na detenção de ontem, afirmou Crowley.
"O que estamos investigando é um crime sob a lei americana -o fornecimento de 250 mil documentos secretos de alguém de dentro do governo para alguém de fora do governo é crime", e os responsáveis serão punidos, disse ainda.
A Suécia procurou garantir que, caso Assange seja entregue ao país, ele não deve ser extraditado para os EUA.
Anteontem, o secretário da Justiça, Eric Holder, disse ter autorizado ações "significativas" relacionadas à investigação criminal sobre o WikiLeaks.
Especialistas ouvidos pela CNN afirmaram que os americanos terão uma "longa batalha" pela frente caso queiram a extradição do australiano para o país, especialmente se ele for enviado à Justiça sueca.
"A questão principal, neste caso, é se a Suécia vê os fatos da mesma maneira que os EUA", disse Mark Ellis, diretor-executivo da Associação Internacional de Advogados.
Se os atos considerados ilegais para os EUA não forem considerados criminosos na Suécia, a extradição ficará mais difícil.
Também em visita ao Afeganistão, o premiê britânico, David Cameron, disse que a "relação especial" entre o seu país e os EUA não seria abalada pelos vazamentos.
Apesar das "perguntas embaraçosas" que o Wikileaks gerou, ele não "muda os fundamentos entre o Reino Unido, os EUA e o Afeganistão", disse o premiê.

ATAQUES E REAÇÕES
A revista "Time" retirou o nome de Assange da lista de votação da pessoa do ano, segundo o próprio WikiLeaks. Até ontem, ele liderava com folga a enquete.
As operadoras Visa e MasterCard anunciaram a suspensão de todos os pagamentos e doações dirigidos ao WikiLeaks feitos na Europa. O anúncio foi feito horas após a prisão de Assange.
Ontem, hackers que apoiam o WikiLeaks bloquearam o acesso à página do PostFinance depois de o banco suíço ter encerrado, anteontem, a conta de Assange. A instituição suíça informou que tenta recuperar o funcionamento normal de sua página na internet.


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