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Palestinos selam pacto de união em Meca
Após meses de tentativas frustradas e sob o risco de guerra civil, Fatah e Hamas assinam acordo para criar governo de união
Ausência de compromisso em reconhecer Israel pode impedir o fim do boicote internacional imposto após a vitória do grupo islâmico
Suhaib Salem/Associated Press/Pool)
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Meshal, Abbas e Haniyeh rezam antes da assinatura do acordo |
DA REDAÇÃO
As duas principais facções
palestinas, Hamas e Fatah, assinaram um acordo ontem em
Meca para a formação de um
governo de união. O entendimento foi movido pela urgência em pôr um fim a meses de
confrontos armados, que deixaram dezenas de mortos na
faixa de Gaza e aproximaram os
palestinos de uma guerra civil.
O novo governo será formado pelo premiê Ismail Haniyeh,
do Hamas, vencedor das últimas eleições palestinas. Terá
nove ministros do islâmico Hamas e sete do secular Fatah.
Numa manobra conciliatória,
ficou decidido que três pastas
serão chefiadas por ministros
independentes: Finanças, Relações Exteriores e Interior.
O acordo foi obtido ao fim do
segundo dia da cúpula de emergência realizada em Meca sob o
patrocínio da Arábia Saudita,
que agora terá a tarefa de convencer os aliados americanos e
europeus de que o Hamas pretende respeitar os acordos já
assinados com Israel. O governo palestino sofre um embargo
financeiro liderado pelos EUA
desde que passou a ser controlado pelo grupo fundamentalista, cuja Constituição prega a
destruição do Estado judeu.
Não há menção ao reconhecimento de Israel no entendimento firmado ontem, o que
pode dificultar a suspensão do
boicote. Mas em uma carta lida
por seu porta-voz antes da assinatura do documento, no Palácio dos Convidados de Meca, o
presidente palestino e líder do
Fatah, Mahmoud Abbas, disse
que o novo governo deve agir de
acordo com a "lei internacional" e respeitar os acordos firmados com Israel.
Na carta, Abbas encarregou o
premiê Ismail Haniyeh de formar a coalizão num prazo de
cinco semanas e agradeceu a
intervenção do governo saudita
na missão urgente de conter o
ciclo de violência palestina.
Derrota de Abbas
Mas a ausência de uma menção explícita aos acordos já assinados com Israel pode ser interpretada como uma derrota
para o moderado Abbas, que
tentará retomar o processo de
paz em encontro com o premiê
israelense, Ehud Olmert, no
próximo dia 19.
Khaled Meshal, líder supremo do Hamas que vive exilado
na Síria, disse esperar que o
acordo ponha fim à violência
que derrubou uma série de tréguas estabelecidas entre os palestinos nos últimos meses.
"Aos que temem que o destino deste acordo será o mesmo
dos anteriores, digo que reforçamos nossa aliança com Deus
neste lugar sagrado e voltaremos a nosso país totalmente
comprometidos com ela", disse
Meshal no palácio com vista
para a Kaaba, mesquita considerada o lugar mais sagrado do
mundo para os muçulmanos.
O primeiro teste do acordo
será a formação do governo de
união, principalmente a nomeação do ministro do Interior, cargo responsável pelo
controle dos serviços de segurança. Pelo acordo, a pasta ficará nas mãos de um ministro independente nomeado por Haniyeh, mas que precisa ser
aprovado por Abbas.
"Há muitos detalhes a serem
trabalhados, principalmente o
Ministério do Interior e a promoção do acordo na comunidade internacional", disse Abdel-Rahman Zaydan, membro da
delegação do Hamas, em Meca.
Festa e ceticismo
O acordo foi recebido com
festa entre os palestinos e ceticismo entre os israelenses. Na
faixa de Gaza, fogos de artifício
iluminaram os céus, enquanto
milhares de pessoas saíam às
ruas para comemorar dando tiros para o alto.
O governo israelense reagiu
com prudência. "Israel espera
que o novo governo palestino
respeite os três princípios da
comunidade internacional, que
são o reconhecimento de Israel, a aceitação dos acordos
[assinados entre Israel e os palestinos] e a renúncia ao terrorismo e à violência", disse Miri
Eisen, porta-voz do primeiro-ministro Ehud Olmert.
Com agências internacionais
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