São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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Estatal petroleira venezuelana minimiza sentenças pró-Exxon

Multinacional americana reclama compensação por projetos que abandonou

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O governo venezuelano buscou minimizar ontem as decisões judiciais que congelaram US$ 12 bilhões de bens da estatal PDVSA em favor da empresa americana Exxon, afetada em 2007 pela estatização da reserva petrolífera da faixa do rio Orinoco, a maior da Venezuela.
Em entrevista ontem, o presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, disse que se trata de uma medida cautelar que pode ser revertida. Sobre o congelamento, ele afirmou que apenas US$ 300 milhões estão totalmente bloqueados. Ramírez, que também acumula o cargo de ministro de Energia e Petróleo, afirmou que a decisão não afeta as operações da empresa.
"Os ativos da PDVSA, em seu último balanço, são de US$ 107 bilhões. Nós não pensamos que os direitos da Exxon cheguem sequer à metade da cifra exigida por eles [na Justiça], de US$ 12 bilhões."

Sem acordo
Em nota ontem, a agência de classificação de risco Fitch afirmou que as decisões judiciais, tomadas no Reino Unido, na Holanda e nas Antilhas Holandesas, não terão impacto nas atividades diárias da PDVSA e que dificilmente a empresa será condenada antes do fim do processo de arbitragem internacional, cujo tribunal ainda não foi constituído. Segundo analistas, uma decisão final pode levar anos.
"É uma medida de pressão da Exxon para que a PDVSA se dê conta que é preciso negociar, como tem feito com outras empresas", disse à Folha Elio Ohep, editor da publicação "Petroleum World". A Exxon e a ConocoPhillips foram as únicas duas das seis empresas afetadas pela nacionalização do Orinoco que não fecharam um acordo com a PDVSA.
Ohep disse que, embora não afete a PDVSA agora, as decisões judiciais correm o risco de afugentar investidores. "Do ponto de vista operativo, não causa nenhum problema. O único problema é que não podem é vender os ativos [congelados]. Do ponto de vista dos investimentos, [as decisões] têm seu impacto. Eles [dirigentes da estatal] estão se dando conta de que a política do governo com relação à PDVSA incide diretamente na habilidade da empresa de crescer."
No ano passado, a dívida da PDVSA saltou de US$ 3 bilhões para US$ 16 bilhões, apesar da alta do petróleo. A empresa tem sido a maior financiadora do gasto público, que vem aumentando no governo de Hugo Chávez.


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