São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA

Rumsfeld evita autocrítica sobre o Iraque

Um dos arquitetos da guerra, ex-secretário de Defesa dos EUA na gestão George Bush lança livro de memórias

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

George Bush já deu a sua, seu ex-assessor Karl Rove também. Chegou a vez de Donald Rumsfeld, ex-secretário da Defesa, apresentar sua versão sobre a decisão de invadir o Iraque em 2003, em uma narrativa nada arrependida sobre uma das maiores feridas abertas do país.
Rumsfeld, 78, lançou ontem "Known and Unknown: A Memoir" ("Conhecido e Desconhecido: Memórias").
É um largo compêndio da vida extraordinária do homem que foi o mais jovem e o mais velho líder do Pentágono (1975-77 e 2001-06).
As páginas passam por momentos críticos da história americana do século 20, do Vietnã à Guerra Fria. Mas se concentram -assim como as reações ao livro- fortemente nos anos sob Bush.
O "falcão" conservador distribui culpas sem meias palavras entre os ex-secretários de Estado Colin Powell e Condoleezza Rice. E é menos condescendente com Bush que outros ex-colaboradores.
Rumsfeld faz questão de dizer que foram o ex-presidente e Paul Wolfowitz, então vice-secretário da Defesa, que imediatamente pensaram no Iraque após o 11 de Setembro, apesar de o Afeganistão ser o inimigo mais óbvio. "Ninguém me perguntou se eu achava que ir ao Iraque era certo ou errado", diz.
Ele também afirma que ficou cada vez mais desconfortável com um termo consagrado por Bush nos anos após o 11 de Setembro -"guerra ao terror". E faz uma série de críticas a algumas reações do governo aos ataques -com ênfase mínima no que pode ter feito, pessoalmente, de errado.
Suas palavras soam constantemente como uma tentativa de negar responsabilidade sobre as decisões. Em entrevista à jornalista Diane Sawyer, ele foi acusado, por exemplo, de estar errado sobre a posse de armas de destruição em massa pelo ditador iraquiano Saddam Hussein. Mas desvia: "A inteligência estava errada".
Rumsfeld concorda que a guerra no Iraque veio com um "custo" muito alto, em termos de vidas perdidas.
Mas rejeita, por exemplo, a sugestão de que o aumento do número de tropas em 2007 deveria ter sido feito mais cedo. Chega a afirmar que nem ele nem Bush queriam a guerra e fizeram de tudo para evitá-la.
Histórias pessoais estão presentes, e ele conta sobre problemas com drogas de seus filhos. Também diz que não se lembrou de ligar para sua mulher quando o Pentágono foi atacado em 2001.

KNOWN AND UNKNOWN

AUTOR Donald Rumsfeld
EDITORA Sentinel (ainda sem tradução)
QUANTO US$ 18,73 pelo site Amazon.com, fora o frete (832 págs.)
AVALIAÇÃO Bom


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