São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006
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ANÁLISE Diplomatas não acreditam em sanções econômicas
ALISTAIR LYON
2 - Um ou dois meses depois, o CS aprovaria uma resolução em que fixaria um prazo para que o Irã suspenda o enriquecimento de urânio e ratifique o protocolo do Tratado de Não-Proliferação que abriria todas as suas instalações aos inspetores da ONU; 3 - Somente a partir de então é que as sanções poderiam ser impostas ao regime islâmico. Mas nesse ponto começa uma outra série de problemas. Alguns analistas acreditam que seja preciso ter estômago para vetar transações comerciais com o quarto produtor mundial de petróleo. O Irã já ameaçou restringir suas exportações, o que semearia o caos no mercado energético global. Paul Rogers, professor em questões de paz na Universidade Bradford, no Reino Unido, afirma que "sanções não funcionam no caso do Irã pela falta de consenso internacional". Ele afirma que o Irã foi engenhoso ao assinar grandes acordos comerciais com China, Índia e Rússia. "Nenhum desses países aceitaria um programa sério de sanções ao Irã", diz Rogers. O regime iraniano tem acusado as cinco primeiras potências nucleares (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China) de tratarem a proliferação com dois pesos e duas medidas. Não se desarmam a si mesmos e se recusam a punir Israel, Paquistão e Índia, hoje integrados ao clube nuclear. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, previa ontem que Teerã usaria o recente acordo de cooperação nuclear entre os EUA e a Índia para argumentos a seu favor. O Irã diria também que Washington tenta construir um consenso internacional contra seu governo por meio das Nações Unidas, em contraste com a pulsão unilateral que o levou a invadir o Iraque. "Tenho sérias dúvidas de que sanções funcionem no caso do Irã", disse David Cortright, co-autor americano de um estudo sobre as sanções da ONU nos anos 90. "Negociar é necessário", diz ele. Medidas pontuais podem ser úteis, mas não se pode falar em amplas sanções como as adotadas contra o Iraque de Saddam. Os Estados Unidos impuseram em 1979 um embargo ao Irã que prejudicou sua aviação e sua indústria petrolífera. Mas não conseguiram convencer outros países a respeitar a legislação americana que pune os investidores estrangeiros naquele país. Em resumo, diplomatas acreditam que medidas radicais -como a proibição de vôos comerciais, de venda de armas ou que tendam a limitar o comércio- não estão nos atuais horizontes. Um diplomata europeu disse haver espaço ao entendimento com os Estados Unidos para a adoção de medidas pontuais, que não levem em conta um dos pilares da visão da Casa Branca, que enquadra o Irã no "eixo do mal". Texto Anterior: Irã ameaça os EUA com "prejuízo e dor" Próximo Texto: Iraque sob tutela: Iraque conta 30 mortos e 50 seqüestrados Índice |
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