|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Conheça a trajetória do governo de Alberto Fujimori
do enviado especial
Nos dez anos de seu governo,
Fujimori se transformou numa
lenda viva mundial. Agora, caso
seja "re-reeleito", irá se tornar o
chefe de Estado escolhido pelo
voto popular que por mais tempo
governou na América Latina.
Este engenheiro agrônomo e
matemático de 61 anos, filho de
imigrantes japoneses, anunciou
que, caso seja eleito novamente,
não pretende promover outras
mudanças na Constituição para
tentar um quarto mandato em
2005. Porém prepara as bases para seu filho Kenyi, que em breve
completará 20 anos.
Nos últimos dias de campanha
por bairros pobres em Lima,
questionou eleitores se votariam
em seu filho em 2005. Num dos
comícios, aconselhou Kenyi a
aprender com ele como se dirigir
ao povo. "Assim, você receberá
beijos por todas as partes", disse,
diante do encabulado filho.
Professor universitário e político estreante, "El Chino" (apelido
que ganhou por causa de seus traços orientais) se lançou candidato
à Presidência pela primeira vez
em 90.
Depois de ocupar os últimos lugares nas pesquisas de intenção
de voto, acabou por derrotar o
consagrado escritor Mario Vargas Llosa.
Eleito, promoveu o chamado
"Fujichoque" -pacote de medidas econômicas que visavam estabilizar uma das economias mais
confusas do planeta.
Cortou subsídios, aumentou os
impostos e achatou os salários.
Dessa forma, conseguiu acabar
com a hiperinflação de 7.000% ao
ano que assolava o Peru (a maior
do mundo), recebendo elogios da
comunidade econômica internacional.
Como efeito colateral, o "Fujichoque" provocou os maiores índices de desemprego do país. As
cifras oficiais têm variado nos últimos anos entre 11% e 16%, mas
calcula-se que o emprego informal atinja quase metade da população economicamente ativa peruana.
Em 92, Fujimori trouxe de volta
à América Latina o fantasma das
ditaduras. Sob o argumento de
que não podia levar a cabo seu
projeto de mudança do Estado
sem o apoio dos outros Poderes,
fechou o Congresso, submeteu o
Judiciário ao seu comando e suspendeu as garantias constitucionais.
No mesmo ano, convocou eleições para o Parlamento, que, segundo denúncias de organismos
de direitos humanos, foram manipuladas para que obtivesse
maioria.
Terrorismo
O maior tento do presidente foi
ter reduzido drasticamente o terrorismo no país, que matou mais
de 25 mil pessoas entre 80 e 90.
No mesmo ano do autogolpe,
conseguiu um feito histórico: a
prisão de Abimael Guzmán, o número um do temido grupo Sendero Luminoso. Com poderes especiais conseguidos do Congresso, Fujimori foi derrotando, um a
um, os terroristas mais procurados do Peru.
Entidades de direitos humanos,
como a Anistia Internacional,
afirmam que Fujimori utilizou os
instrumentos legais que lhe foram
concedidos para perseguir, torturar e matar adversários.
Num dos espetaculares lances
do seu governo, Fujimori comandou pessoalmente, em abril de 97,
a invasão à Embaixada do Japão
em Lima, tomada por 14 terroristas do MRTA durante uma recepção para mais de 400 convidados
-entre eles, ministros de Estado
e da Suprema Corte, generais e diplomatas estrangeiros.
Na ação de resgate, transmitida
ao vivo para vários países, um dos
72 reféns que sobraram do grupo
inicial foi morto, além de dois soldados e todos os terroristas.
Depois da vitória, o MRTA
(Movimento Revolucionário Tupac Amaru) e o Sendero Luminoso perderam força, ficando reduzidos a algumas poucas células.
Embalado pelo sucesso no combate ao terrorismo e à hiperinflação e por uma campanha de guerra contra o Equador por disputas
territoriais, Fujimori se candidatou à reeleição em 95, derrotando
dessa vez Javier Pérez de Cuellar,
ex-secretário-geral da ONU.
Poucos dias antes daquelas eleições, foram descobertas urnas
com cédulas preenchidas em favor da coligação que apoiava Fujimori (Cambio 90/Nova Mayoría).
Ninguém do governo foi punido,
apesar dos protestos da comunidade internacional.
Em 98, Peru e Equador chegaram a um acordo de paz. No ano
seguinte, Fujimori alterou a
Constituição novamente, fazendo
passar uma lei que lhe permitia
uma nova candidatura.
Pela Constituição vigente, há
somente a possibilidade de dois
mandatos consecutivos. Porém, a
lei patrocinada por Fujimori interpreta que seu primeiro mandato não é válido para essa contagem, já que ocorreu antes das alterações na Constituição.
(LF)
Texto Anterior: Mulher ajuda a conquistar votos Próximo Texto: Invasão de privacidade: Cresce o monitoramento de e-mails Índice
|