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"EIXO DO MAL"
Em artigo na "New Yorker", premiado repórter escreve que Bush vê presidente iraniano como novo Hitler
EUA preparam ataque ao Irã, diz Hersh
DA REDAÇÃO
O governo americano está aumentando as atividades clandestinas dentro do Irã e intensificando
os planos para um possível ataque
aéreo ao país, segundo artigo do
jornalista Seymour Hersh, publicado na revista "New Yorker".
Vencedor do prêmio Pulitzer,
Hersh ficou conhecido ao revelar
o massacre executado por soldados americanos em My Lai, durante a Guerra do Vietnã, e, mais
recentemente, o escândalo dos
maus-tratos na prisão de Abu
Ghraib, no Iraque.
Na reportagem, Hersh relata
que oficiais de inteligência e militares americanos disseram que
grupos da Força Aérea estão estabelecendo listas de alvos e que
tropas de combate foram mandadas ao Irã, disfarçadas, para coletar informações e estabelecer contato com minorias étnicas que se
opõem ao governo. Segundo os
oficiais, o presidente George W.
Bush estaria determinado a negar
ao regime iraniano a oportunidade de desenvolver seu programa
de enriquecimento de urânio.
Órgãos de inteligência dos EUA
e de países europeus e a Agência
Internacional de Energia Atômica
da ONU (AIEA) concordam que
o Irã tem intenção de desenvolver
uma estrutura para produzir armas nucleares, mas há diferentes
opiniões sobre quando isso irá
acontecer e qual seria a melhor
maneira de deter o programa iraniano. O Irã insiste que as pesquisas são feitas com fins pacíficos.
Segundo o artigo publicado na
"New Yorker", militares americanos e membros da comunidade
internacional acreditam que a
meta de Bush no confronto com o
Irã é derrubar o regime do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que já questionou o
Holocausto e disse que Israel deveria ser varrido do mapa.
Bush e membros do governo
americano vêem Ahmadinejad
como um potencial Adolf Hitler,
disse um ex-oficial de inteligência
a Hersh. "Esse é o nome que eles
estão usando. Eles dizem: "O Irã
vai conseguir uma arma estratégica e causar o risco de outra guerra
mundial?'".
Segundo o artigo, a teoria da
troca de regime no Irã foi articulada em março por Patrick Clawson, diretor de pesquisas do Instituto de Políticas para o Oriente de
Washington e apoiador de Bush.
"Enquanto o Irã for uma república islâmica, terá um programa de
armas nucleares, nem que seja
clandestino. A questão, então, é:
quanto tempo o atual regime iraniano vai durar?", disse Clawson a
membros do Senado.
A Seymour Hersh, Patrick
Clawson afirmou que o governo
americano se esforça publicamente para exercer a diplomacia,
mas que o Irã não tem escolha: ou
aceita as exigências de Bush ou
enfrenta um ataque militar.
Uma das opções de plano militar, apresentadas pelo Pentágono
à Casa Branca, segundo a reportagem, é o uso de armas nucleares
capazes de destruir bunkers e outros alvos subterrâneos. Um alvo
no Irã seria a usina de Natanz, ao
sul de Teerã. Natanz, que já esteve
sob a fiscalização da AIEA, tem
espaço subterrâneo para abrigar
50 mil centrífugas, além de laboratórios, abaixo da superfície.
Inspeção
Cinco inspetores da AIEA chegaram a Teerã na sexta-feira para
uma visita de cinco dias às instalações de enriquecimento e reprocessamento de urânio. Eles visitariam a usina de enriquecimento
de urânio de Natanz e a usina de
Isfahan ainda ontem.
O chefe da AIEA, Mohamed el
Baradei, visitará o país na próxima semana para tentar conseguir
concessões do Irã em seu programa atômico.
Os inspetores chegaram ao país
no meio do prazo de 30 dias, dado
em 29 de março pelo Conselho de
Segurança das Nações Unidas,
para que Teerã suspenda as atividades de enriquecimento de urânio. Mohammad Saeedi, subchefe
do programa nuclear do Irã, disse
que a visita estava pré-agendada e
faz parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. O Irã proibiu
inspeções depois que a AIEA enviou o tema ao Conselho de Segurança, em fevereiro.
Com agências internacionais
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