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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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IRÃ NA MIRA

Washington busca apoio a ação que tem como objetivo condenação formal de Teerã por não respeitar acordo nuclear

Washington quer que ONU pressione Irã

DA REDAÇÃO

Os EUA preocupam-se com a possibilidade de o Irã estar operando um programa secreto de armas nucleares e começaram a pressionar Teerã a abrir suas instalações para inspetores internacionais, buscando o apoio da ONU para agir contra o regime iraniano, segundo disseram ontem diplomatas que trabalham com a questão.
De acordo com o diário "The New York Times", que citou funcionários da administração americana -que preferiram manter o anonimato-, Washington quer que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que faz parte do sistema da ONU, declare oficialmente que Teerã violou sua promessa de não produzir armas nucleares.
Ainda ontem, o presidente George W. Bush expressou preocupação com a possibilidade de o Irã estar desenvolvendo armas nucleares e disse que os EUA pretendem liderar um movimento para impedir a proliferação de armas de destruição em massa.
O Irã, que só admitiu ter um programa nuclear em fevereiro passado, rejeita a acusação de desenvolvê-lo para fins militares, afirmando que suas instalações estão abertas para inspeções internacionais. O governo iraniano diz que seu programa nuclear tem fins pacíficos e que ele só servirá para produzir energia.
Para Washington, o Irã é um país rico em petróleo e em gás natural e, portanto, não precisa produzir mais energia, o que torna seu programa nuclear suspeito.
Bush disse ter falado sobre o tema com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A Rússia tem ajudado os iranianos a construir uma usina nuclear na cidade portuária de Bushehr, no sul do Irã.
"Devemos trabalhar juntos para pôr fim à proliferação de armas nucleares. Trata-se de uma questão crucial", afirmou Bush. Moscou diz que sua ajuda aos iranianos se limita a projetos civis.
Segundo diplomatas ouvidos pelo "Times" e pela agência de notícias Associated Press, os EUA enviaram um documento aos outros 34 países-membros do conselho de direção da AIEA -incluindo a Rússia, a França e a Alemanha-, pedindo a condenação formal das ações iranianas.
O Reino Unido, o mais próximo aliado dos EUA, já disse apoiar a iniciativa americana. A decisão da AIEA é muito importante, pois pode desencadear um processo no Conselho de Segurança da ONU. Este poderá aplicar sanções a Teerã se considerar que suas ações são realmente condenáveis e que o Irã busca obter armas de destruição em massa.
Em janeiro de 2002, Bush incluiu o Irã, ao lado da Coréia do Norte e do Iraque, no que chamou de "eixo do mal". Esses países, segundo ele, poderiam apoiar ou patrocinar atos terroristas.
Embora tenha afirmado que não reconheceria um governo iraquiano imposto pelos EUA, a administração iraniana tem feito gestos positivos em direção a Washington (após o final da guerra no Iraque).
Para analistas, o governo iraniano está dividido. Há uma ala favorável ao diálogo com os EUA. Mas há outra que gostaria que os laços diplomáticos entre ambos continuassem cortados. Eles foram rompidos em 1980, após a Revolução Islâmica no Irã (1979).
O chanceler iraniano, Kamal Kharazi, disse ontem, durante uma visita a Roma, que o Irã está disposto a negociar com os EUA e que "não é correto" afirmar que os reformistas iranianos são favoráveis à reaproximação com os EUA, enquanto os conservadores são hostis a ela.
"Os iranianos estão divididos. Alguns crêem que o momento de reatar nossos laços com os EUA tenha chegado. Outros acreditam que não", declarou Kharazi.


Com agências internacionais


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