|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRÃ NA MIRA
Washington busca apoio a ação que tem como objetivo condenação formal de Teerã por não respeitar acordo nuclear
Washington quer que ONU pressione Irã
DA REDAÇÃO
Os EUA preocupam-se com a
possibilidade de o Irã estar operando um programa secreto de
armas nucleares e começaram a
pressionar Teerã a abrir suas instalações para inspetores internacionais, buscando o apoio da
ONU para agir contra o regime
iraniano, segundo disseram ontem diplomatas que trabalham
com a questão.
De acordo com o diário "The
New York Times", que citou funcionários da administração americana -que preferiram manter o anonimato-, Washington
quer que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que
faz parte do sistema da ONU, declare oficialmente que Teerã violou sua promessa de não produzir armas nucleares.
Ainda ontem, o presidente George W. Bush expressou preocupação com a possibilidade de o Irã estar desenvolvendo armas
nucleares e disse que os EUA pretendem liderar um movimento
para impedir a proliferação de armas de destruição em massa.
O Irã, que só admitiu ter um
programa nuclear em fevereiro
passado, rejeita a acusação de desenvolvê-lo para fins militares,
afirmando que suas instalações
estão abertas para inspeções internacionais. O governo iraniano
diz que seu programa nuclear tem
fins pacíficos e que ele só servirá
para produzir energia.
Para Washington, o Irã é um país rico em petróleo e em gás natural e, portanto, não precisa produzir mais energia, o que torna seu programa nuclear suspeito.
Bush disse ter falado sobre o tema com o presidente da Rússia,
Vladimir Putin. A Rússia tem ajudado os iranianos a construir
uma usina nuclear na cidade portuária de Bushehr, no sul do Irã.
"Devemos trabalhar juntos para
pôr fim à proliferação de armas
nucleares. Trata-se de uma questão crucial", afirmou Bush. Moscou diz que sua ajuda aos iranianos se limita a projetos civis.
Segundo diplomatas ouvidos
pelo "Times" e pela agência de
notícias Associated Press, os EUA
enviaram um documento aos outros 34 países-membros do conselho de direção da AIEA -incluindo a Rússia, a França e a Alemanha-, pedindo a condenação
formal das ações iranianas.
O Reino Unido, o mais próximo
aliado dos EUA, já disse apoiar a
iniciativa americana. A decisão da
AIEA é muito importante, pois
pode desencadear um processo
no Conselho de Segurança da
ONU. Este poderá aplicar sanções
a Teerã se considerar que suas
ações são realmente condenáveis
e que o Irã busca obter armas de
destruição em massa.
Em janeiro de 2002, Bush incluiu o Irã, ao lado da Coréia do
Norte e do Iraque, no que chamou de "eixo do mal". Esses países, segundo ele, poderiam apoiar ou patrocinar atos terroristas.
Embora tenha afirmado que
não reconheceria um governo iraquiano imposto pelos EUA, a administração iraniana tem feito gestos positivos em direção a
Washington (após o final da guerra no Iraque).
Para analistas, o governo iraniano está dividido. Há uma ala favorável ao diálogo com os EUA. Mas
há outra que gostaria que os laços
diplomáticos entre ambos continuassem cortados. Eles foram
rompidos em 1980, após a Revolução Islâmica no Irã (1979).
O chanceler iraniano, Kamal
Kharazi, disse ontem, durante
uma visita a Roma, que o Irã está
disposto a negociar com os EUA e
que "não é correto" afirmar que
os reformistas iranianos são favoráveis à reaproximação com os
EUA, enquanto os conservadores
são hostis a ela.
"Os iranianos estão divididos.
Alguns crêem que o momento de
reatar nossos laços com os EUA
tenha chegado. Outros acreditam
que não", declarou Kharazi.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Coréia do Norte: País já teria armas nucleares, diz jornal Próximo Texto: Análise: Bush adota estratégias distintas Índice
|