São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2005

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FIM DO NAZISMO

Cerimônias ocorrem em várias capitais e em campo de concentração; comemorações seguem hoje em Moscou

Europa celebra 60 anos da derrota nazista

DA REDAÇÃO

Sessenta anos depois do fim da mais devastadora guerra na Europa, ocorreram ontem várias comemorações em todo o continente para marcar o aniversário da derrota da Alemanha nazista.
Líderes mundiais e veteranos da Segunda Guerra Mundial lembraram a perda de cerca de 50 milhões de vidas durante o conflito de 1939-45 em cerimônias em várias capitais européias e num campo de concentração nazista. As celebrações continuam hoje em Moscou (leia texto à pág. A-9).
O presidente George W. Bush esteve ontem num cemitério na Holanda, onde prestou homenagem a norte-americanos mortos em combate. De lá, seguiu para Moscou, onde encontrou-se com o presidente Vladimir Putin. Ambos jantaram juntos na casa de campo do líder russo.
"Neste dia, celebramos a vitória que eles venceram e nos comprometemos mais uma vez com a grande verdade que eles defenderam: a liberdade é um direito inalienável de toda a humanidade", disse o presidente norte-americano Margraten, o terceiro maior cemitério da Europa para norte-americanos mortos na 2ª Guerra.
Bush também traçou um paralelo entre o combate ao nazismo e a guerra contra o terrorismo. "Americanos e europeus continuam a trabalhar juntos e a trazer liberdade e esperança a lugares em que elas vêm sendo negadas há muito tempo. No Afeganistão, no Iraque, no Líbano e em todo o Oriente Médio", disse o presidente. Ao lado de Bush estava a rainha Beatrix, da Holanda.
Em Londres, o príncipe Charles, vestindo uniforme naval, depositou uma coroa de flores num monumento aos mortos nas duas guerras mundiais. O presidente da França, Jacques Chirac, e o chanceler alemão, Gerhard Schröder, também participaram de cerimônias em seus países.
Milhares de pessoas, incluindo o premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, viajaram a um campo de concentração na Áustria para celebrar os 60 anos de sua libertação.
Em Berlim, Schröder e o presidente da Alemanha, Horst Köhler, participaram de um serviço religioso e de uma cerimônia diante do memorial às vítimas do nazismo e da guerra. A maioria dos alemães considera que a derrota de Hitler os liberou dos horrores do nazismo.
Cerca de 3.300 militantes do Partido Democrático Nacional (NPD), de extrema direita, porém, tentaram fazer uma passeata contra o que chamaram de "cultura da culpa", que lhes teria sido imposta pelas potências vencedoras. Foram impedidos por cerca de 6.000 simpatizantes de partidos de esquerda, que organizaram uma contramanifestação. Para evitar um conflito, a polícia cancelou a marcha e manteve os militantes do NPD, que vestiam roupas negras e tinham suas cabeças raspadas, numa área isolada da Alexanderplatz. Foram presos oito de cada lado. O nazismo é proibido por lei na Alemanha, mas os membros do NPD ficam um pouco aquém de declarar-se abertamente nazistas.
Em Londres, veteranos e centenas de espectadores viram o príncipe Charles depositar uma coroa de papoulas vermelho-sangue no cenotáfio que honra os cerca de 260 mil britânicos que morreram combatendo o nazismo.
Em Paris, Chirac reacendeu a pira da tumba do soldado desconhecido, no Arco do Triunfo. Participaram da cerimônia soldados de vários países que ajudaram a derrotar as forças de Adolf Hitler. Jatos militares voaram sobre a avenida Champs-Elysées, deixando um rastro de fumaça azul, branca e vermelha, as cores nacionais da França.
No antigo campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, uma cerimônia homenageou os cerca de 100 mil prisioneiros que ali foram mortos pelos nazistas. Mauthausen era o último grande campo de concentração ainda em operação quando foi liberado por tropas norte-americanas no início de maio de 1945.
Cerca de 6.000 das vítimas do campo eram espanhóis, inimigos do líder fascista espanhol, general Francisco Franco. Zapatero foi ao campo para render-lhes homenagens. "Como premiê do governo democrático da Espanha, quero homenagear, relembrar e expressar minha admiração por todos os espanhóis que sofreram neste campo de concentração em sua luta por liberdade e dignidade", disse Zapatero.


Com agências internacionais

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