São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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Prestadoras de serviço vinham atrasando salários, dizem funcionários governistas

DO ENVIADO A LAGUNILLAS

Há 35 anos como funcionário da empresa Lisa, o capitão de rebocador Manuel Salazar, 58, disse que não tinha nenhuma reclamação do seu empregador até seis meses atrás. Foi nessa época que começaram os atrasos no pagamento dos salários, realizado semanalmente.
Salazar e funcionários de outras empresas prestadoras de serviço ouvidos pela Folha ontem tiveram a mesma explicação dos empregadores: a estatal PDVSA não estava pagando suas dívidas, em alguns casos com atrasos de até oito meses.
Filiado ao PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), Salazar foi um das dezenas de funcionários de prestadoras de serviço que compareceram à beira do poluído e fétido lago Maracaibo a participar da cerimônia comandada por Chávez.
"Agora esperaremos para ver a atitude do governo", disse ele, que enfatizou não estar preocupado com a sua aposentadoria, daqui a dois anos.
Há mais de três décadas no mercado, a Lisa tinha cerca de 300 funcionários e era propriedade de um empresário americano radicado na Venezuela. A sua frota nacionalizada inclui 13 rebocadores e 12 lanchas.
Em linha semelhante, o mergulhador Nerwin Hernandez, 25, declarou que não recebe há 21 dias o seu salário, de R$ 1.400 por semana. Também filiado ao PSUV, disse apoiar a nacionalização porque os funcionários da estatal petroleira têm mais benefícios e porque "não está de acordo em trabalhar para o capitalismo".
Segundo o presidente da Câmara Petroleira de Zulia, Erwin Lingg, todos os problemas de atraso de salário estão ligados à falta de pagamento. "Todas as empresas da câmara estão solventes no Ministério do Trabalho, sinal de que cumprimos a lei", afirmou ele.
Por outro lado, os próximos meses não serão fáceis para os milhares de funcionários da PDVSA: recentemente, Chávez anunciou que não haverá aumento em 2009, apesar da inflação de 30,9% em 2008. "Sim, estamos um pouco irritados com o anúncio", admite a analista Paula Sanchez, filiada ao PSUV. "Mas temos sentimentos socialistas, e esperamos que cumpram o prometido." (FM)


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