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"ERRO TRÁGICO'
Após bombardeio da embaixada chinesa, que teria matado 4 pessoas, China e Rússia pedem fim imediato da ofensiva
Otan diz que "tragédia' não pára ataques
das agências internacionais
A Otan anunciou ontem que o
ataque contra a Embaixada da China em Belgrado, capital iugoslava,
foi um "erro trágico", mas que os
bombardeios contra a Iugoslávia
não vão parar.
China e Rússia pediram o fim
imediato da ofensiva da aliança
militar ocidental contra a Iugoslávia. Pelo menos quatro chineses
morreram no ataque, segundo o
governo iugoslavo.
A China, que critica os bombardeios desde seu início a 24 de março, acusou a aliança militar ocidental e os EUA de "responsáveis
por um crime de guerra". A Rússia
chamou o bombardeio da embaixada de "uma barbaridade" e, em
protesto, cancelou a visita a Londres do seu chanceler, Igor Ivanov,
prevista para começar ontem.
O ataque também deixou pelo
menos 20 feridos, segundo a Iugoslávia. A China afirmou que, entre as vítimas fatais, havia dois jornalistas.
Na noite de sexta-feira, mísseis
da Otan atingiram a embaixada
chinesa na capital iugoslava, horas
depois de a aliança ocidental ter
admitido outro erro responsável
pela morte de 15 civis num bombardeio que atingiu uma feira livre
e um hospital na cidade de Nis.
O Conselho de Segurança da
ONU, reunido na noite de sexta-feira, emitiu um comunicado se dizendo "chocado e preocupado".
Mas a China não conseguiu a aprovação de uma moção condenando
o ataque e anunciando uma investigação das Nações Unidas sobre
as origens do erro.
EUA, Reino Unido e França têm
poder de veto nas decisões do Conselho de Segurança da ONU.
A Otan declarou que vai investigar as causas do "erro trágico". Segundo seu porta-voz, Jamie Shea, o
ataque tinha como alvo prédios
próximos à embaixada, que seriam
um depósito de armas e um hotel
usado como quartel-general por
paramilitares sérvios.
²
Diplomacia
O presidente russo, Boris Ieltsin,
disse que cancelava a visita de Ivanov a Londres também devido à
"deterioração da situação nos Bálcãs". Mas seu enviado especial à
região, Viktor Tchernomirdin,
viajou para Bonn (Alemanha), para continuar negociações de paz.
Na quinta-feira, o G-8 (grupo
dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia) lançou um plano de
paz, que prevê a manutenção da
Província separatista de Kosovo na
Iugoslávia, mas com autonomia
política, econômica e cultural.
A proposta também prevê o envio de tropas de paz, "a fim de garantir o retorno dos refugiados".
A Iugoslávia ainda não reagiu
oficialmente ao plano. O ditador
iugoslavo, Slobodan Milosevic,
tem se declarado contrário à presença de tropas dos países da Otan
num eventual acordo de paz.
²
Para entender
A Província de Kosovo é parte da
Sérvia, uma das duas Repúblicas
que formam a Iugoslávia (a outra é
Montenegro). No início do conflito, sua população era majoritariamente de origem albanesa e muçulmana (90%).
Em 1989, o governo Milosevic retirou a autonomia da Província,
proibindo o uso da língua albanesa
e fechando instituições locais. Isso
estimulou o separatismo e a criação do Exército de Libertação de
Kosovo, pró-independência.
O movimento foi violentamente
reprimido pela Sérvia, que considera Kosovo o berço de sua identidade nacional. É o local de batalhas
históricas dos sérvios.
O conflito se acirrou em 1998,
com choques frequentes entre o
ELK e os iugoslavos.
O regime de Milosevic é acusado
de "limpeza étnica", isto é, a expulsão ou extermínio da população de
origem albanesa de Kosovo.
O governo iugoslavo acusa o ELK
de terrorismo e narcotráfico.
Fracassada a tentativa de acordo,
a Otan começou a atacar a Iugoslávia no dia 24 de março, na tentativa
de impor seu plano de paz.
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