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ANÁLISE CONSELHO DE SEGURANÇA
Sanções só protelam decisão quanto ao Irã
Mesmo diluído para não minar interesses de russos e chineses, novo pacote deve endurecer posição iraniana
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
A votação no Conselho de
Segurança da ONU de mais
sanções apenas adia a decisão de negociar seriamente
com o Irã ou confrontá-lo
-pelas armas ou a sabotagem-, com as consequências explosivas que esta última opção acarretaria.
O novo pacote foi diluído
para preservar os negócios
russos e chineses com Teerã,
e seu resultado mais provável será endurecer a posição
iraniana.
As sanções vieram sobretudo porque os EUA precisam aplacar seu público interno e o aliado Israel.
Chegaram a termo porque
não interessa nem à Rússia
nem à China um embate direto com os americanos.
Moscou, sem dinheiro de
sobra para armas, acaba de
renovar com Washington
acordo de redução de mísseis
de longo alcance.
Pequim conseguiu jogar
água fria na crise que se
anunciava acerca do seu superavit no comércio bilateral.
O impasse é tão evidente
que, nos últimos dias, os
analistas com um mínimo de
sangue-frio sugeriram que
fosse aceito o acordo de troca
de urânio enriquecido negociado no mês passado por
Brasil e Turquia.
Apresentado como um
possível primeiro passo para
a normalização da relação
entre o Irã e a AIEA (Agência
Internacional de Energia
Atômica), o acordo teve
apoio do ex-subsecretário de
Estado americano Thomas
Pickering e do ex-diretor da
AIEA Mohamed El Baradei,
entre outros.
BRASIL
É duvidosa a previsão de
que a mediação trará danos
ao prestígio internacional do
Brasil -pode ser o contrário,
dado o desgaste dos americanos, principalmente após o
episódio do ataque israelense ao navio turco que navegava rumo à faixa de Gaza.
Haverá, naturalmente, um
custo na relação com a superpotência, cujo alcance deve
demorar a ficar claro.
Mas também é parcial dizer que o Brasil não tinha por
que se envolver no caso.
Interessa o fortalecimento
do Tratado de Não Proliferação, que ocorrerá se a questão for resolvida de modo negociado, preservando o direito de exploração do átomo
para fins pacíficos.
O governo Lula fez uma jogada de risco.
Mas, no balanço possível,
está claro que a mediação, ao
lado da Turquia, foi positiva.
O erro que o presidente cometeu foi ter dado apoio público à reeleição de Ahmadinejad, quando nem resultado oficial havia.
Ao fazer pouco da oposição que protestava, sob repressão, Lula permitiu que se
embaralhasse seu movimento diplomático legítimo com
endosso ao governo autoritário do iraniano.
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