São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2011

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ANÁLISE

Unificação da dívida pode ser o destino para a zona do euro

DO "FINANCIAL TIMES"

A linha de frente nas novas batalhas sobre o resgate financeiro à Grécia já está delineada.
Em Berlim, o ministro das Finanças Wolfgang Schäuble tornou oficial uma política que vinha sendo há muito discutida nos bastidores.
Em Atenas, um novo programa de reforma estrutural está sendo finalizado. Nas duas capitais, a tarefa agora é conseguir a adesão dos legisladores e da Europa.
Restaurar o apoio político ao programa na Grécia é uma condição necessária para impedir que a confiança dos credores se abale ainda mais. Mas isso não basta.
A demanda de Schäuble por uma "contribuição quantificada e substancial da parte dos credores" foi vista por todo o espectro político como indispensável para deter uma rebelião no Legislativo alemão contra um novo pacote de resgate à Grécia.
Eslováquia, Finlândia ou Holanda poderiam torpedear um novo acordo. Mas isso é menos provável se o maior devedor e o maior credor da Europa optarem por apoiar o novo pacote.
O fator mais crucial é determinar se a demanda alemã poderá ser satisfeita. Como isso pode ser feito continua a ser um mistério. Caso o objetivo seja evitar um calote grego, ainda que ordeiro, seria necessário que a extensão no prazo de vencimento de títulos não fosse classificada como calote pelos mercados.
É por isso que o BCE (Banco Central Europeu) se opõe de forma tão veemente a uma "reforma no perfil" da dívida grega. Ele parece ter aceito um esforço para encorajar a rolagem voluntária de dívidas gregas pelos credores.
Schäuble quer mais e pede que os títulos da dívida sejam trocados por novos papéis com prazo de vencimento de sete anos. As agências de classificação de crédito dizem que isso é calote.
As autoridades alemãs sabem bem disso, e a troca de títulos pode ser apenas uma proposta de abertura da qual estariam preparadas para recuar em troca de um compromisso menos rigoroso. Os líderes europeus prometeram fazer "todo o necessário" para estabilizar o euro.
Jamais admitiram que isso poderia significar que a dívida grega migrasse integralmente para suas mãos, passo a passo. Por força das circunstâncias, se não por escolha, pode ser esse o destino que os aguarda.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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