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Morte é oportunidade para a democracia
OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local
A morte do general Abacha é a melhor oportunidade surgida nos últimos anos para iniciar a abertura democrática na Nigéria.
É o que diz a antropóloga norte-americana Gwendolyn Mikell, diretora do programa de estudos africanos da Universidade Georgetown, situada em Washington, capital dos EUA.
"Abacha só assumiu o poder em 93, mas esteve por trás de diversos golpes ocorridos no país anteriormente. Sua morte me deixa automaticamente otimista", disse Mikell por telefone à Folha. "Ainda existem muitos problemas, mas a oportunidade está aí."
Entre as condições favoráveis ao início de uma abertura, a professora destaca a existência de um movimento pró-democracia forte, reunido em duas grandes organizações, a Conferência Democrática Nacional e a Frente Democrática Unida da Nigéria.
"Existe hoje na Nigéria um movimento pró-democracia organizado", diz Mikell, que há cerca de 20 anos estuda a África Ocidental. Ela não acredita que exista no momento outro líder militar com força suficiente para unir as Forças Armadas e consolidar um novo governo autoritário.
Para evitar um vazio de poder, ela sugere a reabertura do Parlamento tal como existia em 93, quando foi fechado por Abacha, que ficaria então responsável pelo governo durante a transição.
Mikell defende o adiamento das eleições de 1º de agosto, pois os cinco partidos legalizados no país apoiavam o falecido presidente, candidato único no pleito.
"É preciso tempo para que os partidos de oposição se legalizem e apresentem candidatos."
Para a professora, o diálogo com as empresas petrolíferas que atuam na Nigéria seria uma das maneiras dos EUA e da União Européia ajudarem na transição do país para a democracia e o respeito aos direitos humanos.
"No passado, as companhias petrolíferas achavam mais fácil operar sob governos militares, pois não queriam assumir responsabilidades em questões ambientais ou mesmo no desenvolvimento social do país", diz a antropóloga. "Está na hora de essas empresas dialogarem com a sociedade nigeriana", afirma.
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