|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TERROR EM LONDRES
Não podemos excluir nenhuma possibilidade até termos certeza. Nesse momento, é preciso manter a mente aberta
Inteligência mostrou preparo, diz especialista
DE LONDRES
Em cinco de maio deste ano,
uma bomba de fabricação caseira
estourou em frente ao consulado
britânico em Nova York. A explosão (às 8h da manhã do Reino
Unido) coincidiu com o horário
da abertura das votações que conduziriam o primeiro-ministro,
Tony Blair, ao seu terceiro mandato consecutivo.
Nesse dia, Sandra Bell, respeitada especialista em segurança, disse à Folha, no entanto, que as eleição parlamentares britânicas não
eram consideras "data-alvo" de
um grande atentado. Os terroristas estariam de olho mesmo, segundo ela, no encontro do G8,
dois meses mais tarde.
Não deu outra. Ontem, ao falar
com a Folha novamente, Sandra
-que passou a
última quinta-feira fazendo comentários ao vivo
na televisão britânica- se lembrava da entrevista.
Voltou a pedir
desculpas, aliás,
por ter mencionado a previsão lá
atrás, sem se dar
conta de que a repórter, possivelmente, cobriria a
cúpula do grupo
que reúne sete países desenvolvidos e a Rússia.
Ela confirmou que os institutos
especializados em segurança, como o Rusi, onde trabalha, e o serviço de inteligência britânica contavam com a hipótese de tentativas de atentado entre os últimos
dias 6 e 8, durante a reunião do
G8, presidido este ano por Blair.
Indagada se Londres estaria
desguarnecida e se o atentado poderia ter sido evitado, Sandra respondeu um firme "não". "O problema está na natureza dos ataques terroristas de hoje", diz ela.
"Nós temos uma máquina de
inteligência histórica, muito estruturada para lidar com um tipo
de ameaça bem diferente, de
quando estávamos lidando com
um tipo de terrorismo muito mais
estruturado, hierarquizado", afirma. "Hoje, estamos lidando com
uma federação solta, uma rede
que se junta para um propósito
específico, depois se desvincula.
Obviamente, a capacidade de penetrar em algo assim é mais difícil", diz Sandra, que é diretora do
Departamento de Segurança Doméstica e de Resistência do Rusi.
Apesar disso, a inteligência britânica evoluiu muito, segundo
Sandra. Ela cita dois sinais disso: a
reação da polícia aos atentados de
quinta-feira -que demonstrou a
existência de um rápido e eficiente plano de ação emergencial-foi
considerada exemplar; outras
tentativas de ataques foram impedidas no Reino Unido nos últimos quatro anos.
Agora, diz Sandra, a tendência é
que o governo britânico centralize
todos os esforços
estratégicos em
melhorar ainda
mais seus mecanismos de detecção e prevenção a
atos terroristas.
Para a especialista, ainda é muito cedo para fazer
suposições de
quem estaria por
trás dos atentados
em Londres.
Pode ser, segundo ela, desde um
indivíduo isolado até uma grande
rede como a Al Qaeda, passando
pelo IRA (Exército Republicano
Irlandês). "Não podemos excluir
nenhuma possibilidade até termos certeza. Nesse momento, é
preciso manter a mente aberta e
investigar todas as possibilidades."
Questionada se sente medo de
seguir sua rotina normal depois
que o "terror" atingiu Londres,
ela chegou a reagir com surpresa.
Racional, como a maioria dos britânicos, já tinha na cabeça a idéia
de que a vida segue em frente:
"Não, não, não. Eu peguei meu
trem normalmente nesta manhã,
com todas as outras pessoas. Todo mundo estava agindo normalmente, lendo seus jornais", afirmou.
(ÉRICA FRAGA)
Texto Anterior: Terror em Londres: Polícia pede que britânicos fiquem alertas Próximo Texto: Herói por acaso: Homem que ajudou vítimas ganha fama Índice
|