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Dissidente cubano encerra seu jejum
Guillermo Fariñas estava em greve de fome desde fevereiro último, em protesto pelos presos políticos da ilha
Fim de ato ocorre um dia após promessa de Havana de soltar 52 detentos; desses, cinco sairão imediatamente
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
O dissidente cubano Guillermo Fariñas anunciou ontem o fim da greve de fome
que mantinha havia mais de
quatro meses em reação a
anúncio feito por Havana de
que libertará 52 dos 167 presos políticos até outubro.
"Essa confrontação entre
democratas e antidemocratas não tem vencedores nem
vencidos. Quem ganhou foi
Cuba", diz texto assinado por
Fariñas, 48, no qual explica
que o protesto será "adiado"
até que o governo cumpra a
promessa feita à igreja.
Fariñas começou a greve
de fome em 24 de fevereiro
em solidariedade a Orlando
Zapata Tamayo, que morreu
na cadeia após 85 dias de jejum. Ele exigia a soltura de 23
presos políticos doentes.
"Estou mais tranquila,
mas ainda muito preocupada, porque ele está muito
mal. Tem uma infecção bacteriana", disse à Folha a mãe
de Fariñas, Alicia Fernández,
em sua casa em Santa Clara.
Fernández contou que, anteontem, o bispo Marcelo Arturo González entregou pessoalmente a Fariñas a nota
da igreja sobre as libertações.
A cúpula católica cubana
dialoga com os Castro desde
maio em busca da libertação
de presos políticos. A gestão
começou após atos de intimidação às Damas de Branco,
mulheres e parentes de 75
dissidentes presos em 2003,
na Primavera Negra.
As 52 pessoas que Havana
promete libertar até outubro
são justamente os últimos do
grupo ainda na cadeia.
PÚBLICO INTERNO
Ontem, a igreja se comunicou com familiares dos cinco
dissidentes que serão libertados imediatamente -Léster
González Pentón, José Luis
García Paneque, Pablo Pacheco Ávila, Antonio Villarreal e Luis Milán Fernández.
Eles cumpriam pena de 15
anos a 24 anos de cadeia e,
segundo as Damas de Branco, estão doentes. Todos devem deixar Cuba rumo à Espanha, parceira no diálogo.
O exílio é criticado por ativistas, que acusam Havana
de trocar prisão por deportação. Os atores do diálogo negam que os ex-presos sejam
obrigados a deixar o país.
"Foi uma conquista de Fariñas, de Zapata e das Damas
de Branco. Por isso acho que
essas vozes da sociedade civil têm de ser ouvidas", disse
à Folha a blogueira Yoani
Sánchez, antes de visitar Fariñas. Do hospital, ela postou
via Twitter uma foto dele e a
nota do fim do protesto.
"O governo cedeu, e isso
demonstra fraqueza. Mas ficaria ainda mais frágil se não
fizesse", continua Sánchez.
Leia repercussão mundial
ao anúncio cubano
folha.com.br/mu764235
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