São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Premiê interino faz visita a Najaf, local sagrado para xiitas, e exorta insurgentes a entregar armas

Governo iraquiano restaura pena de morte

DA REDAÇÃO

Acompanhado por mais de cem seguranças, o premiê iraquiano, Iyad Allawi, fez uma visita-surpresa à cidade de Najaf e exortou os insurgentes fiéis ao clérigo xiita Moqtada al Sadr a entregar suas armas após os intensos confrontos dos últimos dias com militares americanos. Em outra ação de força contra insurgentes, o governo anunciou em Bagdá a volta da pena de morte para crimes como assassinato, seqüestro e tráfico de drogas.
A medida foi tomada um dia após Allawi anunciar uma anistia de 30 dias para os insurgentes que cometeram crimes menores.
Tanto Allawi quanto o governo interino vem sofrendo pressão para acabar com o crescente extremismo xiita no Iraque, acirrados depois de quatro dias de confronto no centro de Najaf (sul do Iraque), no distrito de Sadr City e em outras áreas de Bagdá.
Diante da violência e num esforço para acabar com o crescente extremismo xiita e 16 meses de insurgência sunita, o governo passou os últimos dias tomando medidas que podem ser classificadas de "morde e assopra".
"A tarefa árdua diante de nós nesse país é manter a segurança e a instabilidade, combater o terror e o crime organizado", disse o ministro de Direitos Humanos Bakhtiar Amin. "Asseguro que nenhum de nós está confortável de restabelecer a pena de morte."
A pena de morte, usada deliberadamente durante o regime de Saddam Hussein, foi suspensa pelas autoridades americanas no ano passado. Desde que tomou posse no dia 28 de junho, o novo governo ameaçou repetidamente reintroduzir a pena capital.
O governo interino não esclareceu como seriam as execuções nem se a lei é retroativa, pondo em dúvida se Saddam e seus aliados podem ser condenados à morte.

Najaf
Em pouco mais de uma hora em Najaf, Allawi encontrou-se com o governador local, Adnan al Zurufi, enquanto forças de segurança combatiam contra seguidores de Sadr. Tiros e explosões ecoavam pelas ruas -dois iraquianos da Guarda Nacional foram mortos e 13 pessoas ficaram feridas durante o confronto na cidade sagrada, segundo testemunhas e funcionários do hospital. Uma onda de ataques por todo o país deixaram 19 iraquianos mortos e dezenas de feridos, incluindo quatro soldados americanos.
"Acredito que os homens armados devem deixar os locais sagrados", disse Allawi. O premiê ainda pediu a que a "volta ao governo da ordem e da lei".
O porta-voz do líder xiita Al Sadr criticou a visita de Allawi ontem e afirmou que seus partidários estavam "dispostos a negociar e fazer um acordo para uma trégua". O premiê declarou ser contrário. "Não há negociação com qualquer milícia que levante armas contra o Iraque e o povo iraquiano", disse Allawi.

Diplomata seqüestrado
Ainda ontem, a rede de TV Al Arabiya, de Dubai, noticiou o seqüestro do diplomata iraniano Faridoun Jihani, cônsul da cidade de Karbala, por integrantes de um grupo até então desconhecido, o Exército Islâmico no Iraque.
Em vídeo, o grupo mostra Jihani e exige que o Irã "deixe de interferir em questões iraquianas". Também aparece no vídeo o passaporte do diplomata e seu cartão de visitas.
O Ministério do Exterior iraniano confirmou que Jihani está desaparecido desde a última quarta-feira -é o segundo diplomata seqüestrado no Iraque desde o último mês de abril.
O ministro da Defesa no Iraque acusou o Irã de "interferência ruidosa" nos assuntos iraquianos. O Irã nega.


Com agências internacionais


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